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21 horas agoon
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A moeda americana fechou em queda de 0,14%, a R$ 5,5619, renovando o menor patamar desde outubro. Bolsa de valores recuou 0,30%, aos 135.669 pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar não conseguiu sustentar o sinal positivo visto na metade do pregão e emplacou o 3º recuo consecutivo nesta segunda-feira (9). A moeda caiu 0,14% e fechou a sessão cotada em R$ 5,5619, renovando o menor patamar desde outubro de 2024. O Ibovespa recuou 0,30%, aos 135.669 pontos.
▶️ O mercado reagiu mal às medidas anunciadas neste fim de semana pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação do governo e compensar a provável revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Entre as ações que estão sendo discutidas — e que devem ser comunicadas oficialmente quando o presidente Lula voltar da viagem à França, provavelmente na terça-feira (10), —, estão o fim da isenção de Imposto de Renda (IR) para títulos de investimento como LCI e LCA e o aumento da taxação das apostas esportivas. (leia mais abaixo)
▶️ Além disso, os investidores também monitoraram o andamento das negociações entre Estados Unidos e China sobre tarifas de importação. Representantes das duas potências estão reunidos nesta segunda, em Londres, para discutir um novo acordo comercial.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,14%;
Acumulado do mês: -2,73%;
Acumulado do ano: -10%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -0,30%
Acumulado do mês: -0,97%;
Acumulado do ano: +12,82%.
Impasse do IOF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite de domingo (8) que o governo pretende editar uma medida provisória (MP) para aumentar a arrecadação dos cofres públicos. A expectativa é que, dessa forma, o governo consiga “recalibrar” o decreto sobre a alta do IOF.
A equipe econômica se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de líderes partidários, para tentar chegar em um consenso com relação a alterativas sobre o aumento do tributo.
Entre as medidas anunciadas, além da recalibragem do decreto do IOF, estão:
o fim da isenção do Imposto de Renda para títulos de investimento como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que vão passar a ter alíquota de 5%;
o aumento de 9% para 15% e 20% da tributação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, o que inclui fintechs;
a alta da taxação das apostas esportivas de 12% para 18%.
O governo também afirmou que pretende reduzir o gasto tributário em pelo menos 10% e discutir a redução de gastos primários.
Apesar disso, a proposta ainda foi mal recebida pelo mercado. Os analistas avaliam que o governo deveria focar em discutir a eficiência dos gastos públicos e em promover reformas estruturais, em vez de propor novas formas de arrecadação.
“Até o momento, do que foi falado, teremos aumentos de impostos nos investimentos para compensar uma possível retorno das alíquotas de IOF, mas não indicaram cortes ou desindexação de alguns gastos que são reajustados pelo salário-mínimo (que tem sido acima da inflação)”, afirma Marcos Weigt, diretor de tesouraria do Travelex Bank.
Segundo Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research, a possível cobrança de 5% de IR pode reduzir a atratividade das LCIs e LCAs e impactar o volume de recursos disponíveis para financiar o setor imobiliário e o agronegócio — dois segmentos importantes para a economia do país.
“Eu acredito que o estabelecimento dessa medida vai gerar algum ruído no mercado. O investidor pessoa física vai dar cada vez menos desses títulos, justamente por conta da insegurança, da incerteza e da baixa atratividade em termos de rentabilidade”, diz Almeida.
O anúncio do decreto sobre a alta do IOF foi divulgado há pouco mais de duas semanas pelo governo, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo seria equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o aumento de imposto, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara e do Senado para negociar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Haddad se reúne com Motta, Alcolumbre e líderes para buscar alternativas do IOF
EUA x China
Representantes dos Estados Unidos e da China estão reunidos nesta segunda-feira (9), em Londres, na Inglaterra, para discutir um novo acordo comercial e resolver a guerra comercial iniciada pelas tarifas do presidente americano Donald Trump.
Espera-se que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial Jamieson Greer representem os EUA nas negociações comerciais, enquanto o vice-primeiro-ministro He Lifeng provavelmente estará presente com a delegação chinesa.
Na semana passada, uma ligação telefônica entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping, animou os mercados.
O presidente dos EUA afirmou que ele e Xi conseguiram resolver as “complexidades” do acordo comercial sobre tarifas de importação e reiterou que a conversa “resultou em uma conclusão muito positiva para ambos os países”.
Trump tem mantido um cabo de guerra com Pequim desde o anúncio, em abril, de um pacote de tarifas que impactou diversos países, especialmente a China.
Em busca de um meio-termo, os dois países firmaram um acordo temporário em 12 de maio, concordando em reduzir as tarifas por um período de 90 dias.
Desde a assinatura do acordo, no entanto, os dois países enfrentam dificuldades para chegar a um consenso nas negociações.
A situação é acompanhada de perto por investidores preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial caótica prejudicar os lucros corporativos e interromper as cadeias de suprimentos nos meses cruciais que antecedem a temporada de compras de fim de ano.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
*Com informações da agência de notícias Reuters.