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Na reta final antes dos interrogatórios, advogados apostam em rodadas de conversas para preparar acusados. Depoimentos começam na segunda-feira (9). Advogados dos réus que são alvos do processo que apura uma tentativa de golpe do governo Bolsonaro apostam em rodadas de conversas com os acusados — em uma espécie de treinamento, para garantir a linha de defesa do chamado “núcleo crucial”.
Nesta reta final antes do início dos interrogatórios, as defesas tentam evitar que os réus sejam surpreendidos com pontos da investigação. Os advogados relatam que orientaram seus clientes a serem objetivos nas respostas.
Foto de arquivo de 12/08/2021 mostra o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), conversando com o então ministro da Defesa, general Braga Netto, emcerimônia de cumprimento aos oficiais recém-promovidos, no Palácio do Planalto, em Brasília. A Polícia Federal indiciou Bolsonaro, o deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem, os generais Heleno e Braga Netto, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições presidenciais de 2022. Além deles, foram indiciadas mais de 30 pessoas.
Gabriela Biló/ESTADÃO CONTEÚDO
Há expectativa de que ao menos o ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres respondam às perguntas do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal.
➡️Os réus não são obrigados a falar. Eles podem recorrer ao silêncio para não produzir provas contra si mesmos, como define a Constituição.
Os advogados apontam ainda que a Procuradoria Geral da República (PGR), autora da denúncia, distorceu falas e reuniões para embasar a narrativa de que houve planejamento de um golpe de Estado com o objetivo de manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022.
Segundo a PGR, o ex-presidente Bolsonaro liderou a organização criminosa.
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Interrogatórios
Nesta fase, Bolsonaro e sete aliados próximos podem apresentar suas próprias versões sobre as acusações à PGR.
Durante o interrogatórios, os réus responderão a uma lista de questionamentos, fundamentais para o julgamento:
se é verdadeira a acusação apresentada pela PGR e que deu início ao processo;
se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática dos crimes;
onde estava ao tempo em que foi cometida a infração;
se conhece as testemunhas e se tem o que alegar contra elas;
se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
se tem algo mais a alegar em sua defesa.
Para os investigadores, os depoimentos das testemunhas ouvidas nas últimas semanas ajudaram a confirmar que os réus, de fato, planejaram executar um golpe de estado e que as tratativas se desenvolveram principalmente no entorno militar do ex-presidente.