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21 horas agoon
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Bruno Bianco, testemunha de Defesa de Anderson Torres, disse que Bolsonaro questionou sobre problemas jurídicos ou algo que pudesse colocar resultado das urnas em dúvida. O ex-ministro da Advocacia-Geral da União Bruno Bianco afirmou nesta quinta-feira (29) que o ex-presidente Jair Bolsonaro perguntou a ele se havia alguma problema que pudesse ser questionado nas eleições de 2022.
Bianco falou como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres na ação penal que apura um plano golpista articulado pela cúpula do governo de Bolsonaro.
O ex-ministro foi questionado pelo Procurador Geral da República (PGR), Paulo Gonet, sobre uma reunião realizada após o segundo turno das eleições para contestar o resultado das urnas.
Bianco confirmou o encontro, que contou com a presença dos comandantes da Forças Armadas, e disse ter sido interpelado por Bolsonaro.
“Em relação ao tema que o senhor me pergunta houve uma reunião. Se não me falha a memória, sobre como havia ocorrido o pleito eleitoral. Ele [Bolsonaro] perguntou se eu havia visto algum tipo de problema jurídico, e eu de pronto respondi que não. Disse que o pleito eleitoral, na minha ótica, havia ocorrido e de maneira correta e legal, sem nenhum tipo de problema jurídico”, afirmou Bianco.
Bruno Bianco, em imagem de arquivo
Júlio Nascimento/PR
Segundo o ex-AGU, Bolsonaro insistiu e perguntou se ele tinha visto algum problema ou algo que pudesse ser questionado.
“Eu disse que não. Que tinha comissão acompanhando e que a eleição foi absolutamente transparente. E o presidente, pelo menos na minha frente, se deu por satisfeito”, afirmou.
Bianco afirmou que os generais das Forças Armadas estavam no encontro, além do então ministro da Defesa general Paulo Sergio.
Na semana passada, em depoimentos ao Supremo, os ex-comandantes da Exército general Freire Gomes e da Marinha Brigadeiro Batista Júnior confirmaram que Bolsonaro e o então ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira discutiram com os chefes das Forças Armadas a chamada minuta do golpe. Veja no vídeo:
Ex-comandante da aeronáutica afirma que Bolsonaro tratou de minuta golpista em reunião
Denúncia
A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao STF uma denúncia, em 26 de março, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
De acordo com a PGR, a organização tinha como líderes o então presidente da República Jair Bolsonaro e seu então candidato a vice-presidente, Braga Netto.
Segundo a denúncia, aliados a outras pessoas, entre civis e militares, eles tentaram impedir de forma coordenada que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido. Os acusados foram divididos em núcleos pela PGR.
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