MDB quer “cuidar da agenda econômica” do governo, diz ministro a Lula

O ministro Renan Filho (Transportes) afirmou nesta quinta (21) que seu ministério não vai se opor aos possíveis cortes de gastos que deve sofrer pelo governo, mas adiantou que seu partido, o MDB, quer “cuidar da agenda econômica” nos próximos dois anos.

O recado mandado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorreu pela manhã durante o anúncio de investimentos em rodovias, afirmando que já conversou com líderes do partido no Congresso e que falará com ele depois.

“Recentemente conversei com o presidente [do MDB], Baleia Rossi, com o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, e com o líder no Senado, Eduardo Braga, e talvez caiba ao MDB em uma das duas casas cuidar da agenda econômica do país para o segundo biênio. Tá sendo costurado esse entendimento”, disse o ministro.

Renan Filho, que costumeiramente ataca o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), evitou comentários sobre o governo anterior, mas sinalizou que seu partido quer mais protagonismo nas decisões econômicas de Lula. “Depois eu converso com o senhor um pouquinho sobre isso”, pontuou.

Atualmente, o MDB ocupa, entre os ministérios responsáveis pelo orçamento, a pasta do Planejamento e Orçamento (MPO) com a ex-senadora Simone Tebet (MDB-MS), que ficou em terceiro lugar na corrida à presidência em 2022 e aderiu à campanha de Lula após ter a promessa de participação no governo e propostas incluídas no plano de governo.

“E o partido apoia integralmente a decisão que o senhor vai tomar para que a gente possa garantir dólar a uma cotação melhor, juro caindo, para que essa agenda possa atrair cada vez mais investimento para o Brasil”, completou Renan Filho.

O MPO faz parte, ainda, da Junta de Execução Orçamentária (JEO), órgão que reúne a Casa Civil e a Fazenda para acompanhar a execução do orçamento e a arrecadação. O colegiado se reúne nesta sexta (22) e deve anunciar uma revisão dos gastos e um eventual bloqueio orçamentário.

O pacote de corte de gastos está sendo negociado há três semanas após pressão principalmente do mercado financeiro para o governo comprovar que tem compromisso com as contas públicas e o cumprimento do arcabouço fiscal. Há a expectativa de que Lula se reúna com Haddad ainda nesta quinta (21) para definir os últimos detalhes da tesourada, que deve ser anunciada no começo da próxima semana.

Apesar de Renan Filho dizer que a pasta dos Transportes está comprometida com o corte de gastos, o pacote deve atingir principalmente ministérios da área social, Saúde, Educação e da Defesa.