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3 meses agoon
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O ditador venezuelano Nicolás Maduro afirmou que a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, e Elon Musk têm um “pacto satânico”. As declarações foram feitas pelo autocrata durante uma concentração com simpatizantes nos arredores do Palácio de Miraflores, sede da presidência, em Caracas, neste sábado (17), em resposta às manifestações contrárias à fraude eleitoral no país.
“Maria Corina Machado tem um pacto satânico com Elon Musk e a igreja satânica de Detroit. Compatriotas, estamos diante do diabo e não estou exagerando. La Sayona [termo usado para se referir a María Corina] usa um estranho medalhão porque tem um pacto com a igreja satânica dos Estados Unidos. É por isso que digo que estamos enfrentando um Golias satânico”, afirmou o ditador.
Desde que reivindica a vitória nas eleições presidenciais realizadas no país, em 28 de julho, Maduro tem atacado Musk, dono do X e da Tesla. No dia 8 de agosto, o ditador chegou a anunciar a suspensão da rede social X no país por 10 dias. Antes disso, ainda chamou Musk para uma luta e o acusou de orquestrar um ataque hacker contra o chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
O órgão foi responsável por anunciar que o ditador tinha vencido as eleições com 51,2% dos votos. O CNE ainda não publicou a apuração detalhada e argumenta que o sistema de votação automatizado foi alvo de um “ataque ciberterrorista”.
A oposição, no entanto, conseguiu fotografar cerca de 83,5% das atas de votação e, a partir de sua análise, afirma que a vitória foi de seu candidato, o diplomata Edmundo Gonzáles Urrutia. A tese é apoiada por vários países e organizações nacionais e internacionais, incluindo o painel de peritos eleitorais da ONU que testemunhou as eleições e o Centro Carter, que também enviou uma missão de observação.
No mesmo dia em que Maduro a acusou de ter um pacto com o diabo, María Corina Machado participou de uma manifestação na capital venezuelana que contou com milhares de participantes. Os protestos contra o regime autocrático de Maduro e os resultados das eleições se reproduziram em diversas cidades em todo o mundo.
Ainda no sábado, o ditador participou de uma passeata em favor dos resultados eleitorais divulgados pelo CNE e demandou que a Assembleia Nacional do país aprove “muito rapidamente” um projeto de lei “contra o fascismo, o neofascismo e os crimes de ódio”.
De acordo com a oposição, a nova legislação poderá ser usada para reprimir os manifestantes que têm denunciado a fraude eleitoral. A violência desencadeada no contexto dos protestos relacionados às eleições já resultou em 25 mortes e na prisão de mais de 2,4 mil pessoas, de acordo com fontes estatais.
“Estamos enfrentando um povo malévolo, fascista, vocês entendem o que é o fascismo? É o ódio, a intolerância, transformados em violência”, afirmou o ditador durante a concentração, fazendo referência à oposição a seu regime.
Maduro ainda afirmou que “por isso, apoio com todas as minhas forças o que o povo está fazendo com a Assembleia Nacional e peço que aprove muito rapidamente [a lei] contra o fascismo, o neofascismo e os crimes de ódio”.
A “lei antifascismo”, à qual o autocrata se refere, propõe punir os responsáveis por promover reuniões ou manifestações que façam “apologia ao fascismo”, além de poder cassar partidos políticos e aplicar multas de até US$ 100 mil para empresas, organizações ou meios de comunicação que financiem atividades ou divulguem informações que “incitem o fascismo”, de acordo com o que for definido pelo regime de Maduro.
O projeto de lei integra um pacote que o ditador enviou ao Legislativo em razão do impasse que teve início após as eleições. Com maioria chavista, o Congresso sancionou a primeira proposta, que visa “regulamentar” as ONGs no país, na última quinta-feira (15). Ativistas, defensores de direitos humanos e a comunidade internacional avaliam que a nova regra visa recrudescer a repressão no país.
Em seu discurso, o ditador venezuelano ainda afirmou que a oposição “não tem líderes”. Ele se referiu ao fato do candidato Gonzáles Urrutia não ter comparecido às manifestações da oposição contra a fraude eleitoral.
“Onde está escondido Edmund González Urrutia? Ele não foi o vencedor? Você ganhou o sorteio de esconde-esconde em uma caverna? Ele está preso em uma caverna e prepara sua fuga da Venezuela. Edmundo Gonzalez Urrutia pega o dinheiro e segue para Miami”, disse o autocrata.
O diplomata está sem aparecer em público desde o dia 30 de julho. Ele foi escolhido para liderar uma coalização de oposição, depois que María Corina teve sua inelegibilidade decretada por 15 anos. Por sua vez, a indicada para substituí-la, Corina Yoris, teve seu registro negado pelo CNE.