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Jason Miller, um dos assessores mais próximos de Donald Trump, com lugar garantido no governo do republicano (caso queira), não tem boa memória de sua passagem pelo Brasil em 2021 e, particularmente, do ministro Alexandre de Moraes.
Em 7 de setembro de 2021, quando chegou ao Brasil para participar do CPAC, maior evento conservador do mundo, Miller ficou detido por algumas horas no Aeroporto Internacional de Brasília para um interrogatório feito pela Polícia Federal (PF) a pedido de Moraes. O procedimento fez parte do inquérito das fake news, sediado no Supremo Tribunal Federal.
Em uma entrevista dada dois dias depois de ser detido, ao norte-americano Matt Couch, do blog The DC Patriot, Miller, que também é o fundador da rede social Gettr, disse que Moraes “é como um vilão de James Bond”. “Você tem que ver a foto dele”, comentou.
À Fox News, no mesmo dia, Miller explicou que, “no Brasil, um juiz da Suprema Corte também tem a capacidade de emitir intimações, mandar prender pessoas e muito mais”. “Eles são incontroláveis”, afirmou.
O motivo da presença de Miller no CPAC era promover sua rede social no Brasil. Além do contato com personalidades de direita no CPAC, Miller teve um encontro com o presidente Jair Bolsonaro durante sua visita.
Segundo o relato de Miller, ele e sua comitiva foram interrogados por três horas no aeroporto de Brasília. “Não fomos acusados de nenhum delito, e nos disseram que ‘queriam conversar’. Informamos que não tínhamos nada a dizer e, no fim, fomos liberados para voar de volta aos Estados Unidos. Nosso objetivo de promover a liberdade de expressão em todo o mundo continua!”, disse no Instagram.
Na entrevista ao norte-americano Matt Couch, do blog The DC Patriot, em 2021, o fundador do Gettr acrescentou mais detalhes à história. “Eu passo pelos detectores de metal no aeroporto e do outro lado chegam dois policiais federais à paisana, esperando por mim: ‘Nós gostaríamos que o senhor viesse por aqui'”, contou . Miller diz que ficou alerta porque já tinha ouvido histórias sobre as decisões fora de controle do STF.
Quando os oficiais começaram a fazer perguntas mais específicas sobre as investigações em curso, Miller se recusou a continuar respondendo sem a presença de um advogado. “Eles falaram: ‘Diga todas as pessoas com quem você se encontrou enquanto esteve no país, e quem está ajudando você com o Gettr, quem são seus representantes’. Aí eu pensei: ‘Chega, vamos ligar para a embaixada. Vamos chamar um advogado’.” A embaixada norte-americana interveio e, pouco tempo depois, Miller foi liberado.
À Jovem Pan, na época, Miller disse que a história “foi como algo saído de um filme”. Para ele, o objetivo do interrogatório “era puramente político”. “Acho que é porque sou uma pessoa que apoia a liberdade de expressão”, afirmou à rádio.
Jason Miller trabalhou na campanha de Donald Trump, em 2016. Após a vitória daquele ano, recusou o convite para assumir o cargo de diretor de comunicações da Casa Branca dois dias após ser nomeado, alegando o desejo de continuar a gerenciar seus projetos pessoais. Mesmo assim, nunca deixou de estar próximo de Trump, sendo seu porta-voz nas campanhas presidenciais de 2020 e 2024.