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Ex-presidente do Conselho Deliberativo do Athletico em 1999, Nelson Fanaya também se manifestou sobre o rebaixamento do Furacão para a Série B. Com a indignação do torcedor rubro-negro, o dirigente histórico indagou sobre como é a atual gestão do clube, comandado por Mario Celso Petraglia.
“A diretoria fala em ‘incerteza’ e ‘calendário’, mas cadê o planejamento, a gestão, o investimento na base? O Athletico sempre soube lidar com as dificuldades. O que está acontecendo?”, questiona ele após a carta da atual direção.
Neto de João Alfredo Silva e sobrinho de Jofre Cabral e Silva, outros dois presidentes históricos do Furacão, Fanaya está marcado na história por ter sido na sua gestão em que o Athletico conquistou uma vaga para a Libertadores da América pela primeira vez.
Com estofo, Fanaya ainda fez críticas a Petraglia e classificou como “falta de respeito” a mudança do nome do estádio Joaquim Américo.
Além disso, na visão do ex-dirigente, o atual mandatário não preparou ninguém para a sucedê-lo no comando do Athletico.
“Saber criar uma sucessão correta e competente é predicado de poucos líderes. O CAP pecou neste quesito. Mas há tempo para recuperarmos isso. Orientar a sucessão é uma virtude. Não saber quando parar é um erro”
“É hora de abrir o clube para sua gente, para novas ideias, para novas lideranças. Só assim vamos voltar ao nosso caminho de conquistas”, completou..
O Athletico Paranaense corre nas minhas veias! Essa paixão rubro-negra, que herdei do meu pai e do meu avô, é parte da minha história, da minha família. Meu avô, João Alfredo Silva, presidente do CAP lá nos anos 40, ajudou a montar aquele timaço de 49, que conquistou o Paranaense e deu origem ao apelido “Furacão”.
E por falar em família, meu tio Jofre era uma figuraça! Sempre presente na diretoria, vibrava com cada jogo, cada decisão, principalmente como Presidente. Dizia sempre: “Nunca deixem o meu Atlético morrer”. Era “o cara” do clube, o verdadeiro líder nos primeiros 50 anos do Athletico.
Lembro como se fosse hoje dos tempos do Joaquim Américo, na Baixada. Que saudade daqueles tijolinhos! Era tudo meio precário nos anos 70 e 80, mas a gente não ligava. A emoção de ver o Sicupira jogar era demais! E quando mudamos para o Pinheirão, a gente ia de Jeep, eu e meu filho, procurando um lugarzinho nos barrancos para assistir aos jogos. Bons e difíceis tempos!
Meu filho cresceu nesse meio, respirando o rubro-negro desde pequeno. Ele ia comigo para o estádio, vibrava com os gols, sofria com as derrotas. E não é que o danado puxou o pai? Virou publicitário e, com muito orgulho, também ajudou a construir a história do Athletico.
Nos anos 90, quase perdemos o Joaquim Américo. Queriam transformar nosso estádio em shopping! Mas a torcida se uniu e impediu essa barbaridade. Eu fiz questão de lutar ao lado da nossa gente para salvar nossa casa. E não é que o Furacão, que andava meio adormecido, acordou com tudo? A derrota de 5×1 para o Coxa, naquele domingo de Páscoa de 95, foi um choque, mas serviu para darmos a volta por cima.
Meu filho, com a cabeça cheia de ideias, ajudou a criar o escudo redondinho, que deu uma cara nova ao clube, e a campanha “Atlético Total, Paixão Cada Vez Maior”. Queríamos que o torcedor voltasse a ter orgulho do Furacão. E conseguimos! Em pouco tempo, fomos campeões brasileiros e construímos a primeira Arena do Brasil.
Nos anos 2000, ele continuou trabalhando nas campanhas de marketing do CAP. “Clube Atlético dos Paranaenses”, “Atlético 3000, Paixão Eterna”… ideias criativas que mostravam a força da nossa torcida. Em 2012, sem estádio, a campanha “Eu Te Sigo em Toda Parte” nos impulsionou de volta à Série A.
E em 2017, lá estava ele, liderando o projeto de rebranding que mudou a cara do Athletico. Buscaram a alma do clube e encontraram os “quatro ventos”: inovação, ambição, entusiasmo e rebeldia. Resgataram o H do nosso nome de batismo, nossa história, nossa essência, sem deixar de lado as outras marcas que nos trouxeram até aqui.
Em 1999, fui Presidente, no momento que conquistamos nossa primeira vaga para a Libertadores. Por isso e por toda história da minha família que contei, não poderia ficar calado agora. Faço isso por causa dos meus avós, tios, filhos e netos. Agradecemos a todos que deram muito ao CAP, porém, com o passar da vida, quando se chega aos 80 anos (como eu), é preciso saber que é hora dos sucessores continuarem nosso legado. Saber criar uma sucessão correta e competente é predicado de poucos líderes. O CAP pecou neste quesito. Mas há tempo para recuperarmos isso. Orientar a sucessão é uma virtude. Não saber quando parar é um erro. Eu já não tenho forças para atuar, só para escrever e acreditar nos novos atleticanos que saberão continuar nossa história de sucesso.
Mas agora, no centenário, parece que tudo isso se perdeu. Caímos para a segunda divisão, e mudaram o nome do Joaquim Américo, nosso estádio, nossa casa. Que falta de respeito com a história!
É hora de voltar às raízes, de lembrar de pessoas como Joaquim, Jofre, Nilo, Aníbal, Lauro, Walmor, João, Luiz, Ademir, Ênio, José Carlos, Marcos, Mario e tantos outros que se dedicaram por este clube. É hora de o Athletico se reencontrar e mostrar sua força.
A diretoria fala em “incerteza” e “calendário”, mas cadê o planejamento, a gestão, o investimento na base? O Athletico sempre soube lidar com as dificuldades. O que está acontecendo?
Chega de desculpas! É hora de reconhecer os erros, de mudar, de evoluir. Precisamos dos nossos “quatro ventos” de volta, e agora com um sopro forte de renovação.
Somos Furacão! Ninguém nos segura! O Athletico é maior que tudo e viverá para sempre. É hora de abrir o clube para sua gente, para novas ideias, para novas lideranças. Só assim vamos voltar ao nosso caminho de conquistas.
Nelson Fanaya, ex-presidente do Athletico.
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