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16 horas agoon
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Ex-ajudante de Bolsonaro solicitou cidadania portuguesa em janeiro de 2023, segundo advogados. Nesta sexta, PF cumpriu mandados e prendeu ex-ministro do Turismo após indícios de uma ação para viabilizar a fuga de Cid do país. Mauro Cid durante interrogatório ao STF sobre trama golpista
Reuters/Diego Herculano
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrou, em fevereiro deste ano, explicações do delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, sobre um pedido do tenente-coronel para obtenção de documentos portugueses.
O documento foi encaminhado no dia 19 de fevereiro à defesa de Mauro Cid, capitaneada pelo advogado Cezar Bittencourt. No despacho, Moraes deu 24 horas de prazo para uma resposta.
“Intimem-se os advogados regularmente constituídos por Mauro Cid para que, no prazo de 24 horas, esclareçam por qual razão o colaborador solicitou passaporte português e informem se [Cid] já recebeu a cédula de identidade portuguesa que foi solicitada”, escreveu Moraes.
A defesa apresentou resposta no dia 21 de fevereiro, negando intenção de Cid de sair do Brasil.
No documento, os advogados afirmaram que Mauro Cid havia solicitado a cidadania portuguesa em 11 de janeiro de 2023 – três dias após os atos violentos de apoiadores de Jair Bolsonaro contra as sedes dos Três Poderes em Brasília.
A Moraes, a defesa disse que a documentação foi solicitada porque a esposa e as filhas de Cid já possuíam a cidadania portuguesa e que a carteira de identidade do ex-ajudante de Bolsonaro foi expedida e enviada a ele em 2024.
Que o documento só tem validade em território português e serve somente para acesso a serviços públicos e privados e para identificação.
Os advogados acrescentaram que Cid não solicitou e não possui passaporte português, documento que permitiria viagens por países da União Europeia e países que têm acordo de circulação com o bloco.
Na resposta, a defesa lembrou que Cid solicitou acordo de delação premiada, e estava usando tornozeleira eletrônica, “sendo impossível empreender viagem para o exterior sem autorização” de Moraes.
Também afirmou que Cid estava à disposição de Moraes e que, se o ministro ordenasse, poderia entregar a identidade portuguesa para as autoridades brasileiras.
Os advogados reiteraram ainda o compromisso de Cid com os termos da delação premiada e continuava disponível para prestar quaisquer esclarecimentos necessários e para o comparecimento para depoimento quando solicitado.
Ida à PF e prisão de ex-ministro
Ex-ministro Gilson Machado é preso em Pernambuco
A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira (13) mandados contra Cid e ele foi levado para prestar esclarecimentos na sede da corporação em Brasília.
A operação foi motivada por indícios de uma suposta tentativa de Mauro Cid para obter cidadania portuguesa e, em seguida, fugir do Brasil. O que é negado pela defesa do tenente-coronel do Exército.
O plano teria contado com a ajuda do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que comandou a pasta na gestão Bolsonaro.
Mais cedo, Gilson Machado foi preso em Recife por conta da mesma investigação.
Conforme a Polícia Federal, o ex-ministro teria atuado junto ao Consulado de Portugal em Recife (PE), em maio de 2025, a fim de obter a emissão de um passaporte português para Cid, o que teria a finalidade de viabilizar a saída de Cid do território nacional.