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Deus ama a todos e o mal não prevalecerá

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7 horas agoon
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Caro leitor,
Como vocês sabem, habemus papam e o nome dele é Leão XIV. E o novo pontífice já chegou causando polêmica: o certo é falar “catorze” ou “quatorze”? Brinks. Mas o fato é que teve gente querendo ganhar politicamente com a escolha do novo papa. Tem dezenas de vídeos por aí sobre a inclinação ideológica de Leão XIV, se ele é de esquerda ou de direita, conservador ou progressista – questões que parecem interessar sobretudo a evangélicos e ateus. Por que será, hein?
Não sei nem cabe aqui especular. O que quero dizer na carta de hoje é que, em assistindo ao Conclave, à fumaça branca, à gaivota assustada e à exibição do novo papa na sacada, me peguei pensando no tão achincalhado papa Francisco, coitado. Aquele que certa direita, a mais chucra e menos dada à reflexão, adora odiar. A carta ficaria longa demais se eu esmiuçasse minha caótica linha de raciocínio, por isso direi apenas que, ao ouvir Leão XIV dizer que “Deus ama a todos e o mal não prevalecerá”, pensei que o papa Francisco fez o que julgava ser o melhor, da melhor maneira que lhe era possível.
Consertar todos os defeitos da Criação
Não é pouca coisa. Aliás, pouquíssimas pessoas têm essa capacidade de decidir livremente – e arcar com os inevitáveis erros de suas escolhas. Afinal, somos humanos. Insuportavelmente humanos. Por isso me irritaram tanto aqueles que disseram que o papa Francisco ia para o inferno (sim, teve isso) ou que era mal-intencionado, essas coisas. Meu amigo, no lugar dele provavelmente faríamos pior, muito pior. Além do mais, não existe nada mais maligno do que criar essas comparações hipotéticas com figuras de autoridade – e se colocar numa posição de superioridade moral e intelectual.
Isso é o mal, é o orgulho, é se ver como um deuzinho capaz de consertar todos os supostos defeitos da Criação. Tem noção da arrogância de alguém que acha que está sempre certo e que tudo o que os outros fazem é errado ou mal-intencionado? Daí a outra faceta do mal, esse que Leão XIV garante que não prevalecerá: a supressão da liberdade de fazer o bem. Ou de tentar fazer o bem. E como age esse mal? Por meio da imposição de regras e mais regras vezes regras elevadas ao infinito. Regras que, via de regra, têm como objetivo final o domínio sobre o seu semelhante.
Alexandre de Moraes? Também
Num tempo tão conflituoso como o nosso, sei que é difícil partir da premissa de que o outro está fazendo o seu (dele) melhor. Mas ele geralmente está mesmo. E quando você olha o seu semelhante (mesmo esse chato que está aí ao seu lado te irritando) por esse prisma, a sua vida muda. Acredite: ele está fazendo o seu (dele) melhor. Por mais que ele erre e que o erro nos incomode e até nos magoe. Por mais que o objetivo nos contrarie.
Eu estou fazendo o meu melhor. Você, na condição de leitor destas palavras, certamente está fazendo o seu melhor. O papa Francisco fez o melhor dele e Leão XIV fará o melhor dele. Olha, correndo o risco de ser execrado por 1/3 dos leitores, ouso dizer que até mesmo o Lula está fazendo o melhor dele, assim como Bolsonaro fez o melhor dele. Alexandre de Moraes? Por mais que me custe escrever isso, sim, Alexandre de Moraes também.
Feliz Dia das Mães!
É, eu sei. É contraintuitivo pensar isso. Afinal, estamos acostumados a julgar e a condenar à prisão ou até ao inferno todos esses que, no fundo, consideramos de alguma forma inferiores a nós. Mas acredito, realmente acredito, que todos (mesmo os que me causam mais repulsa) carregamos dentro de nós a centelha divina e somos filhos de um Deus que nos ama. Por isso o mal não prevalecerá – apesar de os ideólogos à direita e à esquerda usarem seu medo para te fazerem acreditar no oposto disso.
Um abraço a todos e um abraço especial às mães,
Paulo.
P.S.
P.S.: O fato de eu estar fazendo o meu melhor e você estar fazendo o seu melhor e os outros estarem fazendo o melhor deles não significa, é evidente e eu tenho até vergonha de explicitar isso, que a união dos nossos melhores esforços resultará num mundo necessariamente melhor. Até porque entraríamos aqui numa discussão infindável sobre o que caracterizaria esse tal de mundo melhor. Quem sabe outro dia?
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