Published
1 semana agoon
By
A publicidade em meios digitais alcança mais da metade das crianças e adolescentes com idades entre 11 e 17 anos que acessam a internet no país, sendo 55% em redes sociais, 52% em sites de vídeos e 52% na televisão, informa a 12ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, divulgada nesta semana pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Embora saibam que conteúdos criados por influenciadores podem ser pagos, crianças e adolescentes têm dificuldade de distinguir um vídeo com conteúdo que configura publicidade de um conteúdo espontâneo ou orgânico.
Os formatos de publicidade em vídeo mais vistos por essa parcela da população em plataformas digitais foram pessoas abrindo embalagens de produtos (66%), ensinando a usar produtos (65%) ou mostrando produtos que alguma marca deu para elas (58%).
“Eles sabem que empresas pagam influenciadores on-line, mas nem todos conseguem identificar se os conteúdos são pagos ou não”, diz a coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil, Luísa Adib, ao Valor.
Já a a percepção das crianças e adolescentes sobre a personalização de anúncios nas redes sociais é alta: 65% dos usuários de 11 a 17 anos concordaram que falar ou pesquisar sobre um produto aumenta a quantidade de propagandas que recebem sobre ele.
Adib lembra que a publicidade on-line não deve ser direcionada a crianças e adolescentes, conforme a Lei nº 15.211/2025 que instituiu o Estatuto Digital da Criança e do Adolescente (ECA Digital). “Qualquer tipo de estímulo de consumo não deve circular para este público”, ela afirma.
O ECA Digital foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 17 de setembro atualizando as regras para a proteção de crianças e adolescentes na internet, estabelecendo obrigações para plataformas digitais. Na mesma data, o presidente anunciou uma Medida Provisória que transforma a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) em Agência Nacional de Proteção de Dados, com a responsabilidade de garantir cumprimento do ECA Digital.
Com a criação do ECA Digital, Adib acredita que “a expectativa é que as promoções desse tipo de conteúdo diminuam”, apesar dos desafios que a ANPD, como agência reguladora, terá para monitorar conteúdos pagos que também são produzidos por crianças e adolescentes on-line.
Pela primeira vez a pesquisa investigou a exposição de crianças e adolescentes a vídeos de pessoas divulgando jogos de apostas. “A exposição deste público à divulgação de jogos de apostas, já não deveria existir”, alerta a coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil.
Entre os usuários de 11 a 17 anos, 53% reportaram contato com esse tipo de conteúdo on-line. A exposição foi maior entre os adolescentes de 15 a 17 anos (63%).
Considerando práticas envolvendo gastos e recompensas em jogos na internet, 21% dos usuários 11 a 17 anos reportaram que fizeram alguma compra ou gastaram para avançar de fase ou ganhar itens novos em jogos on-line.
Para os responsáveis entrevistados pela pesquisa, 45% das crianças e adolescentes tiveram contato com propaganda não apropriada para a idade, e 51% pediram algum produto após ver um anúncio na Internet.
A pesquisa deste ano também estreou um mapeamento do uso de inteligência artificial (IA) generativa entre crianças e adolescentes e identificou que 65% dos usuários de internet de 9 a 17 anos utilizaram IA generativa para realizar ao menos uma das atividades investigadas na sondagem.
De acordo com pesquisa, 59% dos usuários de internet de 9 a 17 anos usam ferramentas de IA para realizar pesquisas escolares ou estudar.
Outros usos mais frequentes da IA incluem a busca de informações (42%), a criação de conteúdos como textos e imagens (21%) e o uso da tecnologia para conversas sobre problemas pessoais ou emoções (10%).
Depois do celular, usado com alta frequência por 74% da população de 9 a 17 anos para acessar a internet, a TV é o segundo dispositivo mais usado com frequência por 35% desta parcela da população, seguida pelo computador pessoal (8%).
O WhatsApp, aplicativo de mensagens da Meta, é a plataforma digital mais acessada por usuários de 9 a 17 anos, seguido pelo YouTube (48%), Instagram (48%) e TikTok (46%).
Segundo a pesquisa, 85% das crianças e adolescentes possuem perfil em, pelo menos, uma das plataformas investigadas.
A 12ª edição da pesquisa entrevistou presencialmente 2.370 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, assim como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional.
Atualmente, 92% das crianças e adolescentes brasileiros na faixa etária do estudo acessam a internet, o que representa 24,5 milhões de pessoas.
As entrevistas foram realizadas entre março e setembro pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) do CGI.br.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2022/U/k/I9RuGzTpaL8MMPfdGcog/pexels-katerina-holmes-5905510.jpg)