CPI das Bets rejeita relatório; senadora vai levar para autoridades

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)  do Senado que investiga as bets, os sites de apostas, rejeitou o relatório final da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), por 4 votos a 3. 

Em uma sessão tumultuada, nesta quinta-feira (12), os senadores analisaram o documento, já que o prazo final da CPI termina neste sábado. Com a rejeição, a comissão vai ser encerrada sem um relatório final.

O relatório da senadora propôs indiciamento de 16 pessoas, entre elas, as influenciadoras digitais Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra. Para Soraya Thronicke, os ganhos dos influenciadores vieram do dinheiro perdido pelos apostadores. 

Os indiciamentos propostos por ela dividiram os senadores. Anderson Coronel, do PSD da Bahia, contestou o pouco tempo para análise do relatório, que foi apresentado na última terça-feira.

“Não me sinto confortável para votar um relatório que eu não li. Não me sinto confortável. E também eu sou franco: eu sou favorável aos jogos, eu acho que jogo é uma fonte de receita, como acontece em 99 países do mundo, só tirando Arábia Saudita. E o resto do mundo joga. Será que nós brasileiros é que somos errados?”.

Já a senadora Soraya Thronicke chegou a pedir que ao menos as medidas de alterações legais fossem aprovadas.

“Se alguém está insatisfeito ou não confortável com algum indiciamento, ok, que destaque. Peça destaque. Agora, no lixo… eu não vou jogar no lixo, porque eu não vou jogar no lixo, passando ou não o relatório, sendo aprovado ou não, eu estive em contato com provas robustas. Eu não posso agora me omitir, enfiar isso debaixo da gaveta. Eu levarei, em meu nome, o meu relatório. Entregarei todas as provas para as autoridades competentes”.  

A senadora ainda defendeu no relatório a proibição de jogos online, que se assemelham a cassinos, como o do Tigrinho.  Além disso, Soraya Thronicke propôs a restrição de propaganda, do uso do cartão de crédito e a criação de um cadastro nacional de apostadores.

A CPI das Bets foi instalada em novembro do ano passado. Foram 21 reuniões e 19 pessoas ouvidas, menos de 10% do total dos depoimentos aprovados. Houve ainda a análise de 63 informações sigilosas repassadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras.