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O Brasil é considerado o segundo país mais vulnerável da América Latina, atrás apenas do México, ao impacto econômico e político do segundo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos, de acordo com um relatório recente do banco Citi. O documento avalia que a combinação entre o déficit comercial bilateral e a orientação política de esquerda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocam o país em posição de destaque no índice de vulnerabilidade elaborado pelos economistas.
“Notavelmente, o Brasil ficou em uma posição mais alta que o esperado no índice de vulnerabilidade do Citi, ao se levar em conta seu déficit comercial bilateral com os EUA e a orientação de esquerda do governo Lula”, aponta o estudo a que o jornal Valor Econômico teve acesso.
Os economistas do Citi destacam que, embora historicamente a América Latina não tenha sido uma prioridade para os governos americanos, “desta vez é diferente”. O documento alerta que muitas das políticas de Trump podem impactar a região de maneira significativa, especialmente países com governos de esquerda menos populares.
“Com relação à popularidade, seria de se esperar que governos de esquerda mais fracos fiquem mais expostos a uma posição mais antagônica dos Estados Unidos”, afirma o Citi com um gráfico que define Lula como de centro-esquerda.
Além da orientação política, o relatório também destaca o comércio com a China como um ponto de atenção. O Brasil, que lidera o saldo comercial com o país asiático na América Latina, é visto como um player que pode atrair maior atenção dos Estados Unidos em função do crescente volume de investimentos chineses na região.
No cenário global, o banco ressalta que tarifas comerciais representam o maior risco para o crescimento econômico. Para o Citi, as tarifas “agem como um choque estagflacionário para a economia dos Estados Unidos”, reduzindo o crescimento econômico e, pelo menos inicialmente, aumentando a inflação, afirmam os economistas.
O relatório prevê que uma tarifa de 10% sobre todos os níveis de comércio, acompanhada de retaliações dos principais parceiros comerciais, poderia reduzir o PIB real dos Estados Unidos em até 1,5 ponto percentual, com “pressão substancial no crescimento econômico, assim como o comércio global”.
Em relação aos mercados financeiros, o Citi avalia que as bolsas americanas podem enfrentar menos pressão em um cenário de tarifas direcionadas, graças aos cortes de impostos promovidos no primeiro governo Trump. No entanto, tarifas mais amplas podem ter um impacto mais severo nas margens das empresas, especialmente fora dos Estados Unidos.
“Os mercados de ações fora dos EUA provavelmente serão atingidos ainda mais duramente em vários cenários de tarifas, e é digno de nota que esses mercados tiveram problemas com tarifas no Trump 1.0”, alerta o relatório.