Juíza que julga omissão em morte de Maradona deixa caso após escândalo de gravação de suposto documentário

Julieta Makintach aparece em vídeos de gravações não autorizadas no tribunal da San Isidro. Julgamento está suspenso desde o dia 20 e corre o risco de ser anulado. A juíza Julieta Makintach chegando para audiência nesta terça-feira (27)
TOMAS CUESTA / AFP
A juíza argentina Julieta Makintach deixou o julgamento que apura se a morte de Diego Maradona foi homicídio nesta terça (27), após um escândalo envolvendo gravações não autorizadas dentro do tribunal.
O Ministério Público havia pedido seu afastamento por ela ter participado de um documentário sobre o caso e pela suposta entrada de câmeras nas audiências, no tribunal de San Isidro — desde o segundo dia do julgamento está proibido filmar dentro do local.
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“Posso dizer isso de coração, pelos meus filhos. Eu não conhecia esse material [filmagens], não o tinha visto. Sei que vocês não vão acreditar em mim. Eu não sabia de nada, nem do roteiro. Espero que o julgamento possa prosseguir sem mim. Sinto muito mesmo; foi uma bagunça. Não posso assumir a responsabilidade por tudo isso porque não é meu. Estou tão chocada quanto todos vocês”, disse Makintach, ao indicar que aceitou seu afastamento.
Devido ao escândalo, o julgamento foi suspenso no último dia 20 e corre o risco até de ser anulado.
Assim que a audiência começou nesta terça, a juíza Makintach, que chegou ao tribunal pela porta dos fundos para evitar a imprensa, pediu a palavra. De início, ela afirmou que não acredita que haja nada na denúncia feita contra ela da qual precise “se defender”:
“Não vejo fatos, declarações, nada que eu precise explicar. Não há irregularidade, não há crime, não há má conduta. Estamos lidando com uma enorme operação midiática para me coagir e me manter fora deste debate. E, sabe de uma coisa, não vou me desculpar. Quero deixar claro que não vou recuar”.
Os outros dois juízes, Veronica Di Tommaso e Maximiliano Savarino não defenderam a colega e argumentaram que ela nunca atuou como presidente do julgamento, numa tentativa de evitar uma possível anulação.
Gravações
O advogado Fernando Burlando, que representa as filhas de Maradona, afirmou que se uniria ao Ministério Público e também pediria o impedimento e o julgamento político de Makintach.
Dias atrás, trechos das gravações com a juíza vieram a público. Neles, Makintach se apresenta, caminha em frente à câmera e declara: “Não me imagino fazendo outra coisa (além de ser juíza)”.
A magistrada nega que os vídeos façam parte de um documentário. Ao falar no começo da audiência desta terça, ela afirmou que deu a entrevista para um amigo de infância e argumentou: “Aquele material era bruto; não foi divulgado”.
Em entrevista à rádio Con Vos na sexta-feira (23), Burlando já havia feito duras críticas à juíza. Disse que ela “não atuou como juíza, mas como atriz” e que Makintach sempre ia ao julgamento “muito bem vestida”.
Os juízes do caso Maradona: Veronica Di Tommaso, Maximiliano Savarino e Julieta Makintach
REUTERS/Agustin Marcarian
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Sete profissionais de saúde que cuidavam do ex-jogador estão sendo julgados por homicídio com dolo eventual, acusação que implica que tinham consciência de que suas ações poderiam causar a morte do paciente.
Se fossem considerados culpados, os réus poderão ser condenados a penas de oito a 25 anos de prisão. Uma oitava enfermeira será processada em um julgamento separado. Todos alegam inocência.
Considerado um dos maiores jogadores da história, Maradona faleceu no dia 25 de novembro de 2020, aos 60 anos, devido a um edema pulmonar enquanto recebia atendimento médico em casa após uma cirurgia neurológica pela qual havia passado duas semanas antes.
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