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2 meses agoon
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A Vivo anunciou um dos mais ambiciosos projetos corporativos de reflorestamento de longo prazo já realizados por uma empresa brasileira. Batizado de Floresta Futuro Vivo, o programa prevê a regeneração de cerca de 800 hectares na Amazônia, entre o oeste do Maranhão e o leste do Pará, ao longo de 30 anos. Até 2027, a meta é plantar 900 mil árvores de, ao menos, 30 diferentes espécies, beneficiando a flora, a fauna e a economia local.
“Mais do que tecnologia, esse é um compromisso de longo prazo com o meio ambiente”, afirmou Christian Gebara, CEO da Vivo no Brasil, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (26) após o lançamento do projeto na abertura do Encontro Futuro Vivo, na capital paulista. O evento foi organizado pela Vivo para debater os limites da tecnologia e de como desenvolver soluções sustentáveis para o meio ambiente.
A área escolhida tem 38% de vegetação nativa preservada, mas 62% já foi desmatada, especialmente entre os anos de 2000 e 2010. A expectativa é plantar a primeira muda ainda este ano. O término do plantio está previsto para o início de 2027. “Vamos voltar a ter essa mata ativa nessa região”, diz.
Segundo Gebara, além do impacto ambiental, a iniciativa também apoiará atividades da bioeconomia regional, como o manejo sustentável de seiva, sementes e frutos, envolvendo comunidades locais. “Isso vai ter um impacto enorme no bioma, porque, além de regenerar a flora, termina regenerando também a fauna, que tem uma fauna importante, né? Como foi falado aqui [no evento], a Floresta Amazônica é responsável por 13% entre flora e fauna existente no mundo”, destacou.
O projeto conta com um parceiro especializado em conservação, cujo nome ainda não foi divulgado. “Durante dois anos nós trabalhamos em uma análise bem minuciosa de empresas que fazem parceria nesse sentido, que possam nos ajudar a viabilizar um projeto dessa magnitude. Escolhemos um, estamos nos trânsitos finais [de contrato]. É um projeto em conjunto com esse parceiro que sabe fazer, que vai garantir a aquisição da área e também nos ajudar a dar todo o suporte de campo ao trabalho em loco”, afirmou. O contrato prevê atuação por três décadas.
Embora não revele valores investidos na iniciativa, Gebara admitiu que se trata de um investimento robusto: “Como você pode imaginar, é um investimento importante, porque são 30 anos de preservação”. Ele ressaltou que os créditos de carbono gerados pelo Futuro Vivo não serão usados para compensar as emissões diretas (escopos 1 e 2), mas sim como benefício futuro para clientes, no escopo 3. “Nós, de 2015 a 2023, reduzimos 90% no escopo 1 e 2. Então, a compensação que a gente tem que fazer, a gente já tem uma área definida. Agora, nós já estamos falando do escopo 3. Esse projeto trabalhará muito mais com compensações dos nossos próprios clientes do que nossas.”
A redução das emissões indiretas, contudo, é considerada o maior desafio. A Vivo possui 1.200 fornecedores, dos quais 125 concentram as maiores emissões. “É um grande desafio, como você pode imaginar. Mas temos confiança de que vamos antecipar nossa meta de ser ‘net zero’ para 2035, cinco anos antes do prazo original”, disse Gebara. O processo inclui diagnóstico individual de fontes de emissões, planos de mitigação e apoio técnico para implementar medidas.
Uma das frentes prioritárias do plano de sustentabilidade da companhia é a de circularidade. O executivo cita que a companhia ampliou seu programa de coleta de lixo eletrônico. Antes restrito às lojas, o Vivo Recicle foi levado para escolas públicas, com forte adesão. “Ano passado, em 2024, a gente já fez 37 toneladas, sendo que 21 vieram das escolas públicas. Fomos para 12 cidades”, explicou o presidente. Em algumas localidades, a Vivo incentivou a coleta premiando turmas vencedoras com idas ao cinema – muitas vezes, a primeira experiência dos estudantes em uma sala do tipo.
Além das ações em práticas ESG do ambiente corporativo, Gebara comenta também que a Fundação Telefônica Vivo, braço social da companhia, já investiu mais de R$ 1 bilhão em educação em 26 anos de atuação. O foco atual é o letramento digital e o incentivo à formação em ciência de dados para jovens do ensino médio. “O Brasil tem déficit de cerca de 500 mil profissionais nessa área, e queremos contribuir com soluções”, disse Gebara.
Na pauta da diversidade, a Vivo busca ampliar a participação de mulheres em cargos de liderança – hoje 34% entre diretoras e vice-presidentes, com meta de chegar a 45%. Também estabeleceu cotas de 50% para negros em programas de estágio e trainee, além de esforços para ampliar a presença de lideranças negras. “A gente precisa dar oportunidades para que esses profissionais consigam se desenvolver e consigam adquirir essa ascensão profissional dentro da nossa própria empresa”, afirmou o executivo.
Outros eixos incluem inclusão de pessoas LGBTQIA+, profissionais com deficiência (hoje 5% da força de trabalho) e ampliação de programas voltados a trabalhadores acima de 50 anos. “Queremos ser uma empresa onde as pessoas se sintam livres para ser quem são e possam desenvolver suas carreiras em qualquer fase da vida”, disse Gebara.
Segundo o presidente da Vivo, a tecnologia e a conectividade têm papel central na redução de emissões e na conscientização social. “A digitalização, de alguma maneira, também é um grande fator que beneficia o tema de emissão. Tudo que você evita é deslocamento. Se a gente pensar que o home office surgiu graças à digitalização, isso teve um impacto, com certeza, na circulação das pessoas. A telemedicina, que o Brasil tem menos de 1% de consultas feitas nesse formato, também vai evitar deslocamentos.”
Para Gebara, a conectividade também amplia o alcance de vozes que precisam ser ouvidas. “A gente começou também, eu falei na minha palestra, a escutar a voz desses povos originários. A gente teve a chance de trazer três, quatro representantes aqui, mas, com certeza, também, através da conectividade, a gente consegue escutar essa voz mesmo eles estando na região onde vivem.”
Questionado sobre o papel da Vivo na conferência do clima da ONU, a COP30, que acontecerá no Brasil em novembro, em Belém (Pará), Gebara contou que a Vivo busca ampliar a relevância de sua estratégia ESG e a COP é um momento importante para isso.
“Com certeza ter a COP ainda traz uma relevância ainda maior, mas independente disso, é um compromisso da Vivo. Parte da nossa estratégia é o Futuro Vivo, como eu expliquei no começo, é um dos eixos de estratégia que nós temos”, afirmou Gebara. “O futuro é ancestral, como nos lembra Ailton Krenak. Temos que aprender a pisar suavemente na terra.”
A companhia, que figura entre as líderes globais em ESG no setor de telecomunicações pelo índice S&P Sustainability, vê seu protagonismo como uma responsabilidade adicional. “A Vivo é uma empresa que respira tecnologia e inovação, mas também se sente responsável em abraçar essa causa do Futuro Vivo”, resumiu Gebara.