Trump vai retomar voos de deportação para a Venezuela em março

O governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, vai retomar os voos de deportação de imigrantes ilegais venezuelanos para o seu país natal no próximo mês de março, afirmou nesta sexta-feira (7) o “czar da fronteira” de Trump, Tom Homan, em uma entrevista concedida ao jornal The New York Times.

“Esses (voos) acontecerão nos próximos 30 dias, e não posso dizer quantos; todavia estamos trabalhando em todos esses detalhes”, disse Homan ao jornal.

O anúncio ocorre uma semana após o enviado especial do presidente Trump, Richard Grenell, visitar Caracas para se encontrar com o ditador Nicolás Maduro, em uma aparente “reaproximação” entre os dois países, que cortaram relações diplomáticas em 2019.

O responsável pela política de fronteira opinou que é algo “enorme” e “grandioso” que Trump “tivesse conseguido” fazer com que Maduro aceitasse novamente voos com imigrantes venezuelanos deportados do território americano.

Milhares de venezuelanos vivem atualmente nos Estados Unidos, muitos deles com auxílio imigratório de curto prazo que Trump revogou, como o Status de Proteção Temporária (TPS) de 2023, o que os torna vulneráveis ​​ao grande plano de deportação do republicano. Muitos venezuelanos que foram para o território venezuelano tomaram essa decisão visando fugir da crise e da perseguição do regime de Maduro. Trump afirma, contudo, que muitos criminosos venezuelanos se aproveitaram da situação para expandir suas facções em território americano.

A decisão de Trump de revogar o TPS para venezuelanos nos Estados Unidos gerou forte reação entre organizações de migrantes, que já articulam uma ação judicial para tentar barrar a medida. Líderes da diáspora venezuelana e representantes de ONGs como YWCA USA e o Caucus Venezuelano-Americano argumentam que a situação na Venezuela continua crítica, tornando inviável o retorno de milhares de pessoas ao país. Além da batalha legal, ativistas também mobilizam campanhas para pressionar congressistas a reverter a decisão, alertando que a deportação em massa poderá afetar setores essenciais da economia americana, como transporte e serviços de entrega.

O governo de Trump não reconhece a legitimidade de Maduro, que tomou posse de forma ilegítima para um novo mandato no último dia 10 de janeiro, mesmo sob diversas denúncias de fraude eleitoral pela oposição, que reivindica a vitória, com base em atas coletadas por voluntários, de Edmundo González Urrutia, atualmente refugiado na Espanha por ter sido vítima de repressão.

Trump enviou Grenell a Caracas na semana passada, onde ele foi fotografado sorrindo ao lado de Maduro e do presidente da Assembleia Nacional, o chavista Jorge Rodríguez, para negociar a libertação de seis americanos detidos no país. A negociação foi efetiva e Grenell retornou aos EUA com seus cidadãos, bem como com a confirmação de que o regime venezuelano voltaria a aceitar migrantes deportados.

Mesmo após essa negociação “amistosa”, os EUA confiscaram nesta quinta-feira (6) um avião de propriedade da ditadura de Caracas, que estava na República Dominicana, por violações das leis de controle de exportação e sanções de Washington.

A ditadura de Maduro descreveu nesta sexta-feira como “roubo descarado” essa ação, que foi anunciada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante sua visita oficial à República Dominicana.