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O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os descontos indevidos a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que recusou convite para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para conservar a “imparcialidade dos trabalhos” do colegiado.
Bolsonaro está em prisão domiciliar, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e aqueles que desejam visitá-lo precisam de autorização da Corte e dos advogados do réu.
Durante a primeira sessão da CPMI, nesta manhã, Gaspar disse que recebeu convite para a visita por meio do advogado de Bolsonaro uma semana antes de ser escolhido como relator.
“O [ex-]presidente Jair Bolsonaro – com quem eu tive pouquíssimos contatos, mas tenho consideração – na semana anterior à escolha [do relator da CPMI], perguntou por meio do [seu] advogado que ele gostaria de me convidar para uma visita. E, eu disse que iria com muita honra, e assim foi feito o pedido”, contextualizou o relator do colegiado.
“Depois, eu fui escolhido como membro da CPMI e como relator. Eu quero dizer que estou declinando desse convite para manter a imparcialidade dos trabalhos, mas que me senti honrado com ele.”
Bolsonaro teve a prisão domiciliar decretada em 4 de agosto, após Moraes entender que ele descumpriu, sucessivamente, medidas cautelares decretadas anteriormente, como a proibição do uso de redes sociais, inclusive por meio de terceiros. Os visitantes autorizados também não podem utilizar redes sociais e telefones celulares junto a Bolsonaro.
Gaspar, por sua vez, faz parte da oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi escolhido para ser o relator do colegiado após ofensiva de parlamentares contrários ao governo conseguirem tomar para si a presidência da CPMI, cargo que ficou com o senador Carlos Viana (Podemos-MG).
Gaspar já defendeu que não tem como objetivo responsabilizar algum governo específico pelos descontos indevidos. “Olha, não conheço o Lula, tenho pouco conhecimento com o Bolsonaro. Não quero mal nenhum ao governo, mas aqui no meu relatório não haverá protegidos nem perseguidos. Eu estarei aqui para cumprir o rito da investigação. Quem meteu a mão no dinheiro do povo sofrido brasileiro não perguntou a mim se era conveniente‘”, afirmou o relator.
O deputado, entretanto, já fez diversas publicações nas redes sociais colocando a responsabilidade em Lula pelos desvios. “O que Lula fez com os aposentados é uma vergonha. Mais de R$ 6 bilhões foram desviados do INSS com a conivência de sindicatos aliados, o silêncio cúmplice dos ministérios e a participação de gente do alto escalão”, escreveu Gaspar no X em maio.