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1 mês agoon
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A líder da oposição na Venezuela, Maria Corina Machado, venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2025. O Comitê Norueguês fez o anúncio nesta sexta-feira (10), destacando o empenho constante de Machado na defesa dos direitos democráticos dos venezuelanos e na busca por uma transição justa e pacífica do regime autoritário para a democracia.
Nascida em Caracas, em uma família conservadora e católica fervorosa, María, de 58 anos, é engenheira industrial pela Universidade Católica Andrés Bello e mestre em finanças pelo Instituto de Estudos Superiores de Administração (IESA) de Caracas.
Ela é filha de Enrique Machado Zuloaga, empresário do setor metalúrgico dono da Sivensa, que teve suas empresas expropriadas por Hugo Chávez, e de Corina Parisca Pérez, renomada psicóloga e tenista.
Trabalhou na indústria automobilística em Valencia e, em 1992, criou a Fundação Atenea, que ajuda órfãos e crianças carentes de Caracas com doações privada. Em 2002, fundou a Súmate, uma ONG dedicada à “promoção e defesa dos direitos políticos dos cidadãos” que ganhou notoriedade em 2004 ao consultar a população a respeito da continuidade do governo Chávez.
Um dos principais financiadores da organização é a Fundação Nacional para a Democracia, dos Estados Unidos. Anos depois da fundação, abandonou a Súmate sob o pretexto de não querer politizá-la.
Assumiu seu primeiro mandato na política venezuelana em 2010, ao ser eleita à Assembleia Nacional como a deputada mais votada daquelas eleições.
Ela ocupou o cargo até 2014, quando foi cassada pela mesa diretora após representar o Panamá em uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), com a presença do ex-presidente dos EUA George W. Bush, para denunciar violações de direitos humanos no país, que vivia uma onda de protestos.
Ela é conhecida pelo apelido “dama de ferro” na imprensa venezuelana por seu histórico com o setor siderúrgico. Nome da oposição, María ficou proibida de sair do país ao ser acusada de receber dinheiro ilegalmente de fundações americanas.
Em 2012, ela fundou o Vente Venezuela, partido político liberal de centro-direita que propõe uma opção contrária ao socialismo, se apoiando nos princípios do mercado livre, respeito pela propriedade privada e pelo Estado de Direito.
Uma de suas promessas de campanha é promover um extenso programa de privatização de empresas públicas, incluindo a atividade petrolífera, por meio da privatização total ou parcial da estatal PDVSA.
Maria Corina Machado venceu amplamente as primárias da oposição na Venezuela, tornando-se a principal candidata a enfrentar Nicolás Maduro (que já está no poder desde 2013) na eleições de 2024.
No entanto, o Supremo Tribunal daquele país a inabilitou para disputar o pleito, alegando irregularidades patrimoniais e possíveis vínculos com esquemas de corrupção e com o controle de empresas ligadas à PDVSA no exterior.
Mesmo assim, Machado rejeitou a decisão e afirmou que continuaria lutando, dizendo representar a vontade de milhões de venezuelanos que votaram por ela nas primárias.
“Recebi o mandato de quase 3 milhões de venezuelanos, que exerceram a soberania popular em 22 de outubro [data das primárias]. Eu represento a soberania popular. Não podem fazer eleições sem mim”, disse em um comício três dias após a decisão da Suprema Corte Venezuelana.
Após a confirmação da inabilitação de María Corina Machado pela Suprema Corte da Venezuela, os Estados Unidos anunciaram a retomada das sanções ao setor de petróleo e gás do país. A decisão foi motivada pela falta de avanços rumo a eleições livres e pela exclusão de candidatos da oposição.