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Uma pesquisa da Microsoft identificou quais profissões têm mais potencial de serem afetadas pelas ferramentas de Inteligência Artificial (IA). A lista também traz as carreiras com o perfil oposto: as menos suscetíveis à revolução tecnológica.
O trabalho, intitulado “Trabalhando com IA: Medindo as Implicações Ocupacionais de uma IA Generativa”, usa dados de uma ferramenta de Inteligência Artificial da própria Microsoft. O estudo, divulgado em 22 de julho, analisou 200 mil conversas anônimas entre usuários e o sistema Copilot. Os dados, coletados durante nove meses no ano de 2024, foram cruzados com informações estatísticas de trabalho do governo dos EUA, que distingue mais de 900 profissões.
Um dos pontos-chave da pesquisa foi a divisão das trocas de mensagens entre os usuários e a IA em dois grandes grupos. O primeiro tratou daquelas interações designadas como “objetivo do usuário”, ou o que a pessoa que usou a ferramenta quer realizar com a ajuda da IA. O segundo tratava das ações tomadas pela Inteligência Artificial.
Em um exemplo, os pesquisadores citam um usuário perguntando sobre dicas para imprimir um documento. O objetivo desse usuário pode ser determinado como “dicas para operar equipamentos”. Em resposta, a IA tem como ação “treinar pessoas para operar equipamentos”. Com essa diferenciação, o estudo permite entender se a IA atua mais como assistente ou executora nas tarefas propostas pelos usuários.
Entre as atividades nas quais é mais comum os usuários pedirem ajuda para uma ferramenta de Inteligência Artificial estão a coleta de informações e a escrita ou edição de textos – áreas nas quais também há maior satisfação dos usuários com as respostas obtidas, em contraste com análise de dados e design virtual. Do lado da IA, as principais ações executadas foram descritas pelos pesquisadores como papéis de serviço como “assistente” e “professor”, ou até mesmo “conselheiro”.
Segundo os pesquisadores, os efeitos mais significativos da IA foram notados em ocupações ligadas à comunicação e aquelas que trabalham com o conhecimento de forma geral. Eles criaram uma nota de aplicabilidade de Inteligência Artificial, uma forma de medir a frequência do uso, a abrangência e a taxa de sucesso do resultado. A atividade que sofre o maior impacto, aponta o estudo, é a de intérprete ou tradutor.
Saiba quais são as 10 profissões com mais potencial de serem afetadas por uma ferramenta de IA de acordo com a pesquisa da Microsoft (veja a lista completa ao final da reportagem):
Na outra ponta da tabela estão 40 profissões que, de acordo com a pesquisa, sofrem menos influência dos sistemas de Inteligência Artificial. Em geral, mostra o estudo, são ocupações focadas em trabalhos físicos ou de contato direto entre pessoas ou operação de máquinas.
Os autores destacam que o foco da pesquisa é identificar quais atividades de trabalho vêm sendo realizadas com a assistência de uma IA, e em quais dessas atividades o sistema de Inteligência Artificial apresenta maior taxa de sucesso. A pesquisa foca no potencial de aplicabilidade da IA para as atividades de uma ocupação, e não na previsão de eliminação de vagas.
Os pesquisadores alertam que não é possível concluir que ocupações com alta sobreposição com atividades que a IA pode realizar serão automatizadas e, consequentemente, levarão à perda de empregos ou salários mais baixos. Eles classificam essa conclusão como um erro. Isso porque, de acordo com o estudo, os impactos das novas tecnologias no mercado de trabalho são muito difíceis de prever e frequentemente contraintuitivos.
No início do último ano fiscal, em julho passado, a própria Microsoft demitiu cerca de 9 mil funcionários, cerca de 4% do quadro de pessoal da empresa. Somados aos desligamentos de maio e junho, foram mais de 16 mil demissões em três meses. A maior quantidade de funcionários demitidos estava em áreas de produção de jogos, vendas e marketing.
Se por um lado a empresa reduz custos com trabalhadores, aumenta os volumes de investimentos na Inteligência Artificial. Durante o ano fiscal de 2025, encerrado em junho, a Microsoft afirmou que planejava investir mais de US$ 80 bilhões em infraestrutura para atender às demandas de IA. Na prática é um aumento de US$ 25 bilhões em investimentos de capital em relação ao ano fiscal de 2024.
Em um comunicado direcionado aos funcionários, Satya Nadella, presidente e CEO da Microsoft, definiu como “incerteza e aparente incongruência” a fase atual vivida pela empresa. “Em todos os aspectos objetivos, estamos prosperando. E, no entanto, ao mesmo tempo, sofremos demissões. Este é o enigma do sucesso em um setor sem valor de marca. O progresso não é linear. É dinâmico, às vezes dissonante e sempre exigente”, afirmou.
No mesmo comunicado, Nadella reforçou a Inteligência Artificial como um dos três pilares principais da empresa, ao lado da segurança e da qualidade dos produtos e serviços. Segundo o CEO, tais áreas são “essenciais para o mundo” e sem elas a Microsoft “não tem permissão para avançar”.
“Pode parecer confuso às vezes, mas a transformação sempre é. As equipes estão se reorganizando. Os escopos estão se expandindo. Novas oportunidades estão por toda parte. O que aprendemos nas últimas cinco décadas é que sucesso não tem a ver com longevidade. Tem a ver com relevância. Nosso futuro não será definido pelo que construímos antes, mas pelo que capacitamos outros a construir agora”, conclui o executivo.