Published
3 meses agoon
By

A normalidade democrática no Brasil tem sido sistematicamente corroída por ações e decisões de instituições do Estado que deveriam defendê-la. Esse foi um dos temas recorrentes nas últimas colunas do jornalista J. R. Guzzo, falecido no dia 2 de agosto.. Em seus textos para a Gazeta do Povo, Guzzo argumenta que o país se desviou dos princípios republicanos e da liberdade, caminhando para um cenário de arbitrariedade e censura. Ele critica o que chama de “consórcio Lula-STF”, que, segundo ele, desvirtua a linguagem e a lei para implementar uma agenda política de controle e supressão de direitos fundamentais.
J.R. Guzzo apresenta uma série de argumentos para explicar por que, em sua análise, não há mais normalidade democrática no Brasil:
Guzzo argumenta que o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, utiliza termos como “civilização” e “civilidade” ao abordar a liberdade de expressão, sugerindo que, por trás dessa retórica, pode haver a promoção da barbárie. Ele afirma que a chamada “regulamentação das redes sociais” é, na realidade, a “censura mais mesquinha, viciosa e maciça” já tentada no país, que visa proibir dezenas de milhões de brasileiros de se manifestarem e se informarem livremente pela internet. Para Guzzo, a liberdade de manifestação do pensamento é uma conquista humana e não pode ser reduzida a uma concessão estatal. A “incivilidade” na internet, usada como justificativa para essa regulamentação, é falsa, pois as redes já se subordinam à lei; quem cria a “incivilidade” é o STF ao declarar “inconstitucional” a aplicação das leis existentes.
Segundo Guzzo, o STF deixou de ser um tribunal de Justiça há vários anos para assumir, “sem nenhum pudor”, o papel de uma “facção política cegamente dedicada a servir o governo Lula”. Ele argumenta que não existem mais Três Poderes no Brasil, mas sim uma “gangue” entre o Executivo e o Judiciário que anula qualquer poder legislativo, mesmo sem fechar formalmente o Congresso. Guzzo afirma que o STF é quem decide se as leis valem ou não, e que é mais fácil Lula perder uma votação no Partido dos Trabalhadores (PT) do que no Supremo, indicando que o Congresso “não tem o direito” de aprovar leis que contrariem o governo.
O ministro Alexandre de Moraes é apontado por Guzzo como alguém que usa seu cargo para impor uma “terra arrasada” na ordem jurídica brasileira, substituindo a Constituição Federal por uma “maçaroca de regras pessoais” com base em interesses políticos puros e chocantes. Guzzo afirma que Moraes deixou de ser magistrado para se tornar uma combinação de carcereiro, operador político a favor do governo Lula e falsificador da legislação em vigor, com suas decisões sendo “vitais para o fim da segurança jurídica no Brasil”.
Guzzo sustenta que o STF agrediu gravemente a democracia quando declarou que o artigo 19 do Marco Civil da Internet seria “inconstitucional”. Este artigo determinava que as operadoras só seriam obrigadas a retirar postagens por decisão judicial. Para Guzzo, essa decisão, que retira a necessidade de ordem judicial para a remoção de conteúdo, coloca o Brasil em “plena anarquia”, transformando a internet em um terreno sem lei onde qualquer “guarda noturno” com “carteirinha do PT” pode ordenar censura, com risco de multas bilionárias em caso de desobediência.
Segundo Guzzo, o governo Lula e o STF aspiram ao modelo chinês de internet, com o presidente Lula inclusive solicitando à China o envio de um especialista “de confiança” para instruir o regime na montagem de sua censura. Ele menciona que o ministro Gilmar Mendes se orgulha de “admirar” o sistema chinês de tratamento da liberdade de expressão.
Guzzo afirma que a sindicalização da Justiça brasileira incorporou a impunidade criminal como um direito adquirido dos magistrados, o que significa que um juiz pode cometer qualquer crime no país e ter a garantia de que não será punido. A pior pena, segundo ele, é a aposentadoria compulsória com salários integrais. Ele exemplifica com o caso de um ex-magistrado que, após matar uma ciclista dirigindo embriagado, estaria solto e não seria preso, enquanto uma senhora de 74 anos condenada por Alexandre de Moraes como “golpista” permanece presa.
Guzzo argumenta que o que ocorre no STF não é um julgamento judicial, mas uma “operação política” destinada a eliminar um “inimigo” com força eleitoral, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele sustenta que Bolsonaro está sendo julgado no “lugar errado, pelos juízes errados e por motivos errados”, e que, ao contrário do Congresso em um processo de impeachment, o STF precisa de provas que, em sua opinião, não foram apresentadas no caso do suposto “golpe armado”.
VEJA TAMBÉM: