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O policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, preso por ter matado o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo, em agosto de 2022.
Reprodução/Instagram
O Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo afastou o tenente Henrique Otavio Oliveira Velozo – julgado e absolvido pela morte do lutador Leandro Lo – das atividades oficiais da corporação.
Segundo a PM, apesar de a Justiça ter determinado liminarmente a reintegração dele à corporação, Henrique Velozo “não retornará às suas atividades normais até a decisão final do Poder Judiciário”.
A PM diz que, até o julgamento final do mérito da ação de reintegração, Velozo “ficará sujeito a um regime disciplinar específico previsto em lei, que determina o afastamento das funções, a proibição do uso de uniforme, o recebimento de apenas um terço da remuneração e a impossibilidade de ser promovido”.
Isso significa que o PM que matou o campeão mundial de jiu-jitsu vai continuar recebendo 1/3 do salário de R$ 14,6 mil do 49º Batalhão, onde é lotado, mas sem participar das atividades policiais.
O g1 procurou a defesa de Henrique Velozo para comentar o caso, mas os advogados não quiserem se pronunciar.
A decisão de afastamento foi publicada no Diário Oficial no último dia 1° de dezembro e foi tomada por unanimidade pelos membros do Conselho de Justificação da Polícia Militar, segundo a publicação.
Comando da PM afasta Henrique Velozo de atividades da corporação.
Reprodução
O que diz a nota da PM
“A Polícia Militar informa que o policial mencionado foi reintegrado à corporação, porém não retornará às suas atividades normais até a decisão final do Poder Judiciário. Durante esse período, ele ficará sujeito a um regime disciplinar específico previsto em lei, que determina o afastamento das funções, a proibição do uso de uniforme, o recebimento de apenas um terço da remuneração e a impossibilidade de ser promovido”.
Absolvição e reintegração à PM
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Depois de mais de três anos preso pelo crime contra Leandro Lo, o tenente Henrique Otávio Oliveira Velozo foi absolvido da morte do lutador de jiu-jítsu em 14 de novembro pelo jurí popular que analisou o caso e considerou que ele agiu em legítima defesa ao dar um tiro na cabeça do atleta.
Por causa da absolvição, Velozo foi reintegrado à Polícia Militar de São Paulo em 18 de novembro, voltando a receber o salário dele em setembro foi de R$ 14,6 mil.
Segundo a PM, a reintegração “ao efetivo da corporação por determinação liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo, formalizada por decreto publicado em 28 de outubro de 2025”.
Os advogados de defesa de Henrique Velozo afirmam que a demissão do tenente anunciada no final de setembro pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi “ilegal, por desrespeitar o devido processo legal” e aconteceu antes do júri que considerou que Henrique Velozo agiu em legítima defesa ao dar um tiro na cabeça de Leandro Lo.
“A demissão decretada pelo governador do Estado de São Paulo foi antecipada e ilegal, por desrespeitar o devido processo legal, não aguardar o julgamento pelo júri, impor a perda de posto e patente antes do trânsito em julgado do Conselho de Justificação e suprimir vencimentos em afronta à presunção de inocência e à irredutibilidade remuneratória”, informou em nota os advogados Tiago Pereira Chambo de Souza e Claudio Dalledone Júnior.
Júri absolve PM acusado de matar Leandro Lo
“O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu tais vícios e, em decisão liminar, suspendeu integralmente os efeitos do decreto demissional e determinou o restabelecimento dos vencimentos, tornando sem efeito o ato do Chefe do Executivo até decisão definitiva. Referido processo administrativo deverá considerar a absolvição do júri por legítima defesa”, alega a defesa do PM.
Em outubro deste ano, a Justiça comum atendeu pedido da defesa de Henrique e anulou a decisão do governo de São Paulo, que havia demitido o PM, voltando a pagar os salários dele.
O g1 questionou a pasta da Segurança Pública (SSP) sobre que tipo de atividades o tenente vai assumir na sua volta à corporação, após mais de três anos preso no Presídio Romão Gomes, mas a resposta foi de que “os procedimentos internos para a reintegração já estão em andamento”.
O crime contra Leandro Lo ocorreu em 7 de agosto de 2022, durante show de pagode do grupo Pixote no Clube Sírio. O PM e o lutador tiveram uma discussão dentro do clube e Velozo disparou um tiro na cabeça do campeão mundial de jiu-jítsu.
Henrique ficou mais de três anos preso preventivamente, acusado por homicídio doloso (intencional) triplamente qualificado por motivo torpe, perigo comum (ter colocado outras pessoas em risco) e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Após a sentença de absolvição do júri por legítima defesa, a Justiça soltou o PM no sábado (15).
Perdão para a família
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Na segunda-feira (17), após a absolvição, Henrique Velozo gravou um vídeo público pedindo perdão para a família de Leandro Lo pelo crime.
“Eu vim aqui para pedir perdão. Eu estive durante 3 anos e 3 meses encarcerado e hoje eu posso dizer que eu tive uma experiência única e eu tive um encontro genuíno com um Deus forte, um Deus poderoso em que eu já conhecia, mas que hoje eu posso falar com toda certeza e convicção que ele é comigo e está na minha vida”, falou o tenente sobre o tempo que passou na prisão e sua fé.
Ainda na gravação, Henrique contou, sem dar detalhes, que o que ocorreu no evento o deixou numa situação sem escolha, que foi, segundo ele, a de atirar para não morrer.
“E em nome dele, eu preciso fazer um pedido, que é um pedido de perdão, um pedido de perdão aos familiares, a mãe, ao pai, a irmã, aos amigos e a todas as pessoas que amavam Leandro Lo, mas também gostaria de esclarecer que nesse dia, nesse trágico dia, eu fui colocado em um limite, um limite que eu não gostaria de estar, onde eu estive…”
Henrique foi sucinto no vídeo ao contar que agiu em legítima defesa. Mas no seu interrogatório no julgamento, o PM alegou que foi obrigado a sacar a arma de atirar para se defender, depois de ser agredido e ameaçado por Leandro e os amigos dele, lutadores de artes marciais.
“Onde eu tive, infelizmente, que sujar a minha mão pra poder preservar minha vida, então peço perdão a todos, e em nome… não em meu nome, mas em nome de Deus, que eu sei que ele é misericordioso, justo… e que Deus possa confortar e consolar o coração de todos” , concluiu o tenente.
Cláudio Dalledone Júnior, advogado que defendeu Henrique nos três dias de júri popular no Fórum da Barra Funda, falou após a absolvição de seu cliente, que “a Justiça prevaleceu” e que o PM “foi colocado em uma situação extrema de vida ou morte. Reagiu e matou para não morrer”.
‘Enterrei me filho pela 2ª vez’, diz mãe de Leandro Lo sobre absolvição do PM na Justiça
Fátima Lo, mãe de Leandro Lo, que acompanhou o julgamento na plateia, gravou um vídeo e postou em sua rede social após os jurados absolverem o tenente que matou seu filho (veja acima). Ela falou que “foi impunidade. Ontem enterrei meu filho pela segunda vez.”
O Ministério Público (MP), responsável pela acusação, informou à equipe de reportagem que irá recorrer da sentença que absolveu Henrique. Segundo o promotor João Carlos Calsavara, o júri foi “complicado”, com possibilidade de ser anulado futuramente, mas sem ainda explicar os motivos para isso.
Leandro tinha 33 anos quando morreu, mesma idade de Henrique atualmente.
Leandro foi campeão mundial de jiu-jítsu por oito vezes. A última conquista, na categoria meio-pesado, foi em 2022, a primeira em 2012, na categoria peso-leve. Nas redes sociais, ele narra os dois títulos como “as duas conquistas mais importantes da carreira”.
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