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Petrobras dispara e puxa Ibovespa, com alta do petróleo em meio às tensões no Oriente Médio; dólar oscila
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7 meses agoon
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Na última sexta-feira, a moeda americana caiu 1,97%, cotada a R$ 5,4794. Já o Ibovespa fechou em alta de 0,32%, aos 135.608 pontos. Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta nesta segunda-feira (26), puxado principalmente pelas ações da Petrobras, em meio a alta do petróleo com o mercado de olho nos crescentes riscos geopolíticos, em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio neste fim de semana.
O dólar operou em alta durante toda a manhã, mas passou a oscilar entre leves altas e baixas no início da tarde.
Neste domingo (25), Israel e e o grupo terrorista Hezbollah, do Líbano, trocarem os ataques mais pesados desde o início da guerra na Faixa de Gaza. Como a região é a mais importante produtora de petróleo do mundo, a commodity começou a semana com altas expressivas, de quase 3%.
Quando tensões ocorrem em regiões que produzem e exportam o petróleo, os preços sobem pelo temor de que pode faltar produto.
O problema é que essa commodity é a principal fonte de energia do mundo, servindo como matéria-prima para combustíveis da maioria dos meios de transportes. Então, altas no preço por um longo tempo, caso as tensões no Oriente Médio continuem crescendo, podem impactar a inflação, primeiro por conta dos transportes, que ficam mais caros, mas logo se espalhando por toda a cadeia produtiva.
A cautela com a situação só não pesa mais sobre os mercados porque o otimismo com a possível queda nos juros nos Estados Unidos segue repercutindo.
Na sexta-feira (23), o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell , disse que “chegou a hora de ajustar a política (monetária)”, o que os investidores interpretam como um sinal claro de que a instituição vai iniciar um corte em suas taxas de juros no próximo mês.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Tensão no Irã e economia brasileira
Dólar
Às 14h15, o dólar subia 0,01%, cotado a R$ 5,4801. Veja mais cotações.
Na última sexta-feira, a moeda americana teve baixa de 1,97%, cotada em R$ 5,4794.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,21% na semana;
recuo de 3,09% no mês;
alta de 12,92% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,95%, aos 136.901 pontos.
A Petrobras disparava 6%.
Na sexta, o índice fechou em alta de 0,32%, aos 135.608 pontos.
Com o resultado, o índice acumulou:
alta de 1,24% na semana;
avanço de 6,23% no mês;
ganhos de 1,06% no ano.
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O que está mexendo com os mercados?
No domingo, o exército de Israel ordenou bombardeios no sul do Líbano neste domingo (25) após identificar planos para uma ofensiva do grupo extremista Hezbollah contra o país. Como resposta, o Hezbollah, apoiado pelo Irã, lançou um ataque em larga escala contra Israel, que declarou estado de emergência.
Após as operações militares, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a resposta do país foi “mais um passo para mudar a situação no Norte” de Israel e que “isso não é o fim da história”, enquanto o Hezbollah disse que a operação foi “concluída e realizada” com sucesso.
Apesar da troca de ataques intensos, como mostra o blog da Sandra Cohen, os dois lados não mostram interesse em entrar em guerra e calibram suas reações para evitar uma escalada maior do conflito.
Mesmo assim, o mercado opera com cautela, receoso dos desdobramentos do conflito geopolítico.
O viés positivo, por outro lado, segue vindo do Fed, nos Estados Unidos, após o discurso de Jerome Powell no Simpósio de Jackson Hole na sexta, afirmando que “chegou a hora” de cortar os juros.
“Faremos tudo o que pudermos para apoiar um mercado de trabalho forte, ao passo em que progredimos mais em direção à estabilidade de preços”, disse Powell, que também garantiu que a instituição “não busca e nem recebeu bem uma desaceleração nas condições do mercado de trabalho”.
Os juros americanos estão no maior patamar em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50% ao ano. E havia expectativa desde o início do ano para o momento em que o Fed fosse iniciar o ciclo de redução das taxas.
Depois de vários adiamentos por conta dos dados mais fortes de inflação e atividade da economia americana, o mercado de trabalho dos EUA começou a mostrar um desaquecimento no início deste mês e os resultados de inflação voltaram a mostrar que os preços estão mais comportados.
Com isso, Powell afirmou na sexta-feira que o atual nível das taxas de juros dá “amplo espaço” para que o Fed responda aos riscos, inclusive os números baixos de emprego. Essa afirmação joga ainda mais luz a uma dúvida que tomou os mercados nas últimas semanas: qual será a magnitude do corte promovido pelo Fed em sua próxima reunião.
Agora que Powell quase confirma que a instituição vai iniciar seu ciclo de afrouxamento dos juros em setembro, o mercado faz novas apostas sobre o tamanho do corte: de 0,25 ou 0,50 ponto percentual.
Sobre isso, Powell disse que “o momento e o ritmo dos cortes das taxas dependerão dos dados, das perspectivas e do equilíbrio de riscos”.
Ele também disse que “sua confiança aumentou” em relação à desaceleração da inflação até a meta de 2%. Em julho, a inflação acumulada em 12 meses foi de 3,2%.
“Embora a tarefa não esteja concluída, fizemos um grande progresso”, disse o presidente do Fed sobre o controle dos preços.
A preocupação se virou com maior força, então, para o mercado de trabalho. “Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram”, afirmou.
Embora Powell tenha dito que o salto de quase um ponto percentual na taxa de desemprego no último ano se deveu, em grande parte, ao aumento da oferta de mão de obra e à desaceleração das contratações, e não ao aumento das demissões, ele também foi enfático ao dizer que o Fed quer evitar qualquer erosão adicional.
A atual taxa de desemprego de 4,3% está próxima do nível que as autoridades do Fed consideram compatível com uma inflação estável no longo prazo
No fim de julho, o Fed decidiu manter as taxas entre 5,25% e 5,50% ao ano. Mas a ata, divulgada nesta quarta-feira, mostra que “a grande maioria” dos agentes “destacou que, se os dados continuassem a vir de acordo com o esperado, provavelmente seria apropriado flexibilizar a política monetária na próxima reunião”.
Os juros no Brasil também ficam no radar dos investidores, em meio às dúvidas sobre a possibilidade de novos aumentos da taxa Selic pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação que voltou a acelerar.
Na semana passada, em um discurso duro, Gabriel Galípolo, tido como o principal nome para substituir Roberto Campos Neto no comando do BC, afirmou que suas falas recentes não colocaram o BC em um “corner” em relação ao que será feito com a Selic em setembro, mas repetiu que a autarquia subirá a taxa básica se necessário.
Nos últimos dias têm ganhado força entre instituições financeiras a avaliação de que, em função de falas recentes de Galípolo, consideradas “hawkish” (duras com a inflação), o BC terá que subir a Selic em pelo menos 25 pontos-base em setembro mesmo em meio à relativa melhora do cenário externo.
“Inflação fora da meta é situação desconfortável, e ter que subir juros é situação cotidiana para quem está no BC”, afirmou. Os comentários de Galípolo reforçaram a percepção de que uma alta da Selic está de fato a caminho.
Nesta segunda, Galípolo disse que os dados indicam que a economia brasileira parece estar em um estágio distinto da economia norte-americana — que começou a dar sinais de moderação.
“A atividade está aquecida, se mostrando dinâmica no Brasil (…) Tem mostrado bastante dinamismo”, afirmou ele, durante participação em evento de comemoração dos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina (PI).
Nesse sentido, os economistas do mercado financeiro — consultados pelo Boletim Focus, do BC — elevaram a estimativa de inflação para este ano e para 2025.
Para 2024, a previsão avançou pela sexta semana seguida, passando de 4,22% para 4,25%, cada vez mais próxima do teto da meta de inflação. A meta central de inflação é de 3% neste ano – e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.
Para 2025, a estimativa de inflação subiu de 3,91% para 3,93% na última semana. No próximo ano, a meta de inflação é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.