Naufrágio na 'Garganta do Diabo' que matou duas mulheres tem processo contra piloto reaberto; entenda

Embarcação com sete pessoas afundou na Garganta do Diabo, em São Vicente (SP)
A Justiça reabriu o processo contra o piloto do barco que naufragou com sete pessoas na região conhecida como Garganta do Diabo, em São Vicente (SP). O acidente ocorreu em 29 de setembro de 2024 e resultou na morte de Beatriz Tavares da Silva Faria e Aline Tamara Moreira de Amorim.
As vítimas estavam em uma festa em uma lancha e, no retorno à terra firme em um barco menor, a embarcação foi atingida por uma onda. Os sete ocupantes caíram no mar; quatro sobreviveram dividindo três coletes salva-vidas, enquanto Beatriz e Aline morreram afogadas.
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No dia 19 de novembro, Cláudia Aparecida Tavares da Silva Faria, mãe de Beatriz, foi ao Fórum de São Vicente para acompanhar o andamento da investigação, quando soube que o caso havia sido arquivado em 3 de setembro de 2025.
Ela contestou a decisão e pediu o desarquivamento. “Na hora, eu fiquei muito revoltada e chateada”, mas a Justiça determinou a reabertura do processo, intimando novamente o piloto em 24 de novembro.
Beatriz Tavares da Silva Faria (à esquerda) e Aline Tamara Moreira de Amorim (à direita) morreram após naufrágio na Garganta do Diabo
Arquivo pessoal
“Agora, eu estou mais aliviada. Mas, eu não vou deixar no esquecimento porque eu já tinha falado no ano passado que eu ia fazer de tudo para eles pagarem. Eu sei que não vai trazer minha filha de volta, mas é para que não aconteça com outras pessoas”, destacou Cláudia.
O g1 entrou em contato com a defesa do piloto, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
O processo
Em 2 de julho, o juiz Alexandre Torres de Aguiar, da 1ª Vara Criminal de São Vicente, declarou extinta a punibilidade do piloto em relação ao crime de lesão corporal contra as sobreviventes. Isso porque duas vítimas não quiseram representar criminalmente contra o homem e a terceira não compareceu à delegacia para manifestar seu desejo.
Sobre o homicídio culposo (quando não há intenção de matar) contra Aline e Beatriz, o Ministério Público de São Paulo havia solicitado a folha de antecedentes criminais do piloto para avaliar a possibilidade de um acordo. No entanto, o processo foi arquivado antes da entrega do documento.
Cláudia Tavares relembrou conversa com a filha Beatriz antes de naufrágio em São Vicente (SP)
Reprodução/TV Tribuna e Arquivo Pessoal
Responsabilidade
Relatórios da Polícia Civil e da Capitania dos Portos de São Paulo apontaram que havia mais pessoas a bordo do que a capacidade da embarcação. Além disso, o registro do piloto não o autorizava a navegar à noite nem a transportar passageiros.
“A causa determinante do acidente da navegação investigado foi a negligência, imprudência e imperícia do condutor e proprietário da embarcação”, destacou o relatório da capitania.
Garganta do Diabo
Corpos de Aline Tamara Moreira de Amorim, de 37 anos, e Beatriz Tavares da Silva Faria, de 27 anos, foram encontrados após naufrágio em São Vicente (SP)
Redes Sociais e Arquivo Pessoal/Roni Pantera
A ‘Garganta do Diabo’, região onde ocorreu o acidente, fica entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová-Japuí, em São Vicente. Ela atrai surfistas por conta das ondulações, mas esconde vários perigos devido às fortes correntezas que atingem o local.
De acordo com historiadores, existe uma crença popular de que o local serviu de passagem para as caravelas de Martim Afonso na fundação da Vila de São Vicente.
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