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Milhares de pessoas se reuniram em Valência, na Espanha, neste sábado (9), em um grande protesto contra a resposta das autoridades regionais às recentes enchentes que devastaram a região, causando mais de 220 mortes. Organizada por grupos sociais e cívicos, a manifestação visava a renúncia do presidente do governo regional, Carlos Mazón, com gritos de “Assassinos!” e “Mazón, renuncie!”. Alguns manifestantes carregavam faixas com mensagens como “Vocês nos mataram!” e “Nossas mãos estão sujas de lama, as de vocês, de sangue”, informou a Reuters.
Os protestos destacaram o descontentamento com a lentidão na resposta das autoridades. Os moradores acusam Mazón de emitir o alerta tarde demais, apenas às 20h do dia 29 de outubro, quando a água já começava a invadir cidades e vilarejos próximos. “Queremos mostrar nossa indignação e revolta pela má gestão desse desastre que afetou tantas pessoas”, declarou Anna Oliver, presidente da organização cultural Acció Cultural del País Valencià, uma das cerca de 30 entidades que coordenaram a manifestação, segundo a Euronews.
A manifestação, que começou em frente à prefeitura e seguiu até o prédio do governo regional, teve momentos de tensão. Segundo a Reuters, alguns manifestantes jogaram pedras contra o edifício e arremessaram objetos na direção da polícia, que respondeu com cassetetes para dispersar a multidão. No local, alguns manifestantes depositaram botas sujas de lama e espalharam sujeira pelas paredes do edifício do governo em sinal de protesto contra a gestão de Mazón.
Carlos Mazón defendeu-se das acusações, afirmando que teria emitido alertas mais cedo se o órgão oficial de monitoramento de água tivesse informado sobre a gravidade da situação. Ele declarou que agora é momento de “limpar as ruas, ajudar as pessoas e reconstruir”, acrescentando que a magnitude da crise foi “imprevisível”.
No entanto, os críticos contestam as alegações de Mazón sobre a suposta falta de aviso. Segundo a Reuters, o serviço nacional de meteorologia, AEMET, elevou o nível de alerta para chuvas fortes para vermelho às 7h36 do dia 29 de outubro, e algumas cidades e instituições locais, como a Universidade de Valência, tomaram precauções no dia 28, cancelando atividades e orientando funcionários a ficarem em casa.
Enquanto isso, milhares de voluntários chegaram às áreas mais afetadas para auxiliar nos trabalhos de limpeza e apoio aos moradores. No entanto, a resposta das autoridades, que só mobilizaram reforços policiais e militares dias depois, foi amplamente criticada como ineficaz. “Levaram dias para mobilizar reforços”, comentou um morador, criticando a demora do governo regional para solicitar ajuda do governo central, comandado pelos socialistas em Madri.
A reação dos moradores e a presença de organizações civis nas ruas refletem o crescente descontentamento com a administração de Mazón e suas explicações. “Agora, mais do que nunca, precisamos de líderes que respondam rapidamente a crises como esta,” afirmou Oliver, resumindo o sentimento geral entre os manifestantes.