Gavin Newsom: quem é o governador que a gestão Trump ameaçou prender

Democrata tenta se lançar como candidato à Presidência em 2028. Ao longo da carreira, político investiu em uma pauta progressista, embora tenha feito acenos ao centro recentemente. Los Angeles tem 4º dia de protestos contra política migratória e Trump aciona fuzileiros navais
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, foi ameaçado de prisão pelo governo de Donald Trump. Nesta segunda-feira (9), o presidente dos Estados Unidos afirmou que prenderia o político se estivesse no comando das operações de fronteira.
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A declaração ocorreu em meio aos protestos em apoio a imigrantes, em Los Angeles. O “czar” da fronteira de Trump, Tom Homan, disse que prenderia qualquer autoridade que tentasse impedir ações migratórias, incluindo o governador.
Ao ser questionado sobre a fala por um jornalista, Trump afirmou que prenderia Newsom se fosse Homan. “Gavin gosta de aparecer, mas seria uma boa coisa.”
Newsom tem 57 anos e está em seu segundo mandato como governador da Califórnia. Ele é filiado ao Partido Democrata, de oposição a Trump.
O governador tem uma longa trajetória política. Aos 36 anos, foi eleito prefeito de São Francisco e permaneceu sete anos no cargo, até se tornar vice-governador da Califórnia, em 2011.
Ele disputou o governo estadual nas eleições de 2018, vencendo com ampla vantagem. Durante seu mandato, enfrentou a pandemia de Covid-19 e foi criticado pelas medidas restritivas para conter o vírus.
Em 2021, foi alvo de uma eleição revogatória que poderia encurtar seu mandato. A moção, no entanto, foi rejeitada pelos eleitores. No ano seguinte, foi reeleito com quase 60% dos votos.
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Olho em 2028
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, durante coletiva de imprensa no Universal Studios Hollywood
Reuters/Mario Anzuoni
O mandato de Newsom termina em 2026. Pela lei estadual, ele não pode disputar a reeleição. Segundo a agência Associated Press, o governador tem ambições maiores e deseja ser o candidato do Partido Democrata à Presidência em 2028.
Recentemente, Newsom entrevistou aliados de Trump em seu próprio podcast, numa tentativa de se apresentar como um político moderado e de centro.
Ele também passou a cobrar das prefeituras a repressão de acampamentos de rua. Em maio, propôs limitar a cobertura de saúde para imigrantes em situação irregular. Por outro lado, mantém uma agenda tradicionalmente progressista.
Em seu site oficial, Newson afirma apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a regulamentação de armas e a legalização da maconha. Ele também se declara defensor do direito ao aborto, que é legal na Califórnia.
Em entrevista à Associated Press, Norman Solomon, diretor nacional do grupo progressista RootsAction, criticou a postura recente do governador e o acusou de estar “disposto a jogar a decência básica debaixo do ônibus da campanha de 2028”.
“Newsom está no caminho de se tornar uma sátira, um ex-liberal tão obcecado em se tornar presidente que desenvolveu o reflexo de atacar os mais vulneráveis — imigrantes, pessoas em situação de rua, trabalhadores rurais, pessoas que vivem de salário em salário”, disse Solomon.
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Conflito com Trump
Montagem mostra o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e o presidente dos EUA, Donald Trump
Reuters
Trump e Newsom estão no centro de um embate político após protestos contra ações de agentes de imigração em locais de trabalho na Califórnia.
Moradores se manifestam desde sexta-feira contra as políticas anti-imigração do governo Trump, após dezenas de pessoas serem presas em batidas de agentes de imigração.
Sem consultar o governo estadual, Trump assinou uma ordem para mobilizar soldados da Guarda Nacional com o objetivo de conter os manifestantes.
A medida foi criticada por autoridades locais e considerada ilegal. O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, afirmou em comunicado que a ação atropelou a soberania do estado.
“Se o governador Gavin Newscum, da Califórnia, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não puderem fazer o seu trabalho, então o governo federal intervirá e resolverá o problema”, justificou o presidente em uma rede social.
No post, Trump usou um trocadilho com o sobrenome de Newsom, trocando “Newsom” por “Newscum” — expressão ofensiva em inglês que remete à ideia de “nova escória”.
Newsom argumenta que as manifestações estavam sob controle até a chegada das tropas federais, que teriam provocado os confrontos.
No domingo (8), agentes federais lançaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam balas de borracha contra manifestantes. Mais de 150 pessoas foram presas.
Sobre a ameaça de prisão feita pelo governo Trump, Newsom afirmou que a declaração “é um passo claro em direção ao autoritarismo”.
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