Economia
Dólar sobe e fecha a R$ 5,58, maior valor em quase 5 meses; Ibovespa recua
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11 horas agoon
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Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O dólar fechou em alta de 0,99% nesta segunda-feira (22), cotado a R$ 5,5836 — maior valor desde 30 de julho, quando encerrou a R$ 5,5900. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 0,21%, aos 158.142 pontos.
Os resultados foram afetados pelo movimento típico de fim de ano, quando empresas enviam recursos às matrizes, pressionando o real. Além disso, o cenário eleitoral, com a possível candidatura do senador Flávio Bolsonaro, trouxe mais volatilidade aos ativos.
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▶️ A B3, a bolsa brasileira, não funcionará nos dias 24 e 25, resultando em uma semana com menos dias úteis. Com isso, a sessão de hoje teve liquidez reduzida. “Nessas condições, a volatilidade aumenta”, explica Rafael Costa, fundador da Cash Wise Investimentos.
▶️ Investidores acompanharam ainda divulgações que ajudam a ajustar expectativas sobre a economia. O boletim Focus apontou nova redução nas projeções de inflação para 2025 e 2026, mantendo a tendência de revisões para baixo.
▶️ O Banco Central divulgou também a Pesquisa Firmus, que mostrou maior otimismo das empresas em relação à economia. O levantamento indica queda nas expectativas de inflação para 2025 e 2026, além de prever valorização do real frente ao dólar. As companhias estimam crescimento de 2,10% do PIB neste ano e 1,80% em 2026.
▶️ No campo político, novas notícias sobre a possível candidatura de Flávio Bolsonaro impactaram o ânimo dos investidores. Analistas avaliam que sua entrada na corrida eleitoral enfraquece a oposição e pode aumentar as chances de reeleição de Lula (PT). Para agentes do mercado, a continuidade do atual governo dificultaria a implementação de ajustes mais consistentes nas contas públicas.
🔎 Há ainda a percepção de que Tarcísio de Freitas seria um candidato mais competitivo, capaz de unificar a direita e aumentar as chances de vitória.
▶️ Ainda no cenário político, os poderes Legislativo e Judiciário iniciaram o recesso após semanas de tensão. Na sexta-feira, o Congresso aprovou o Orçamento de 2026, que projeta superávit de R$ 34,5 bilhões e reserva de R$ 61 bilhões para emendas parlamentares.
▶️ Nos Estados Unidos, com a agenda mais enxuta devido ao feriado de Natal, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) divulgou o Índice de Atividade Nacional de Chicago referente a novembro, que apontou expansão ainda abaixo da média histórica.
▶️ No mercado internacional, o ouro renovou máximas, cotado a US$ 4.469,00 por onça, com alta de 1,85% nesta segunda-feira. O movimento reflete a busca por proteção diante da expectativa de cortes de juros nos EUA.
▶️ Diante desse contexto, o Ibovespa recuou, mesmo com a valorização de 2,92% da Vale (VALE3), após o anúncio da aquisição de um complexo eólico da Pontal Energy, e de 0,49% da Petrobras (PETR3), impulsionada pela alta do preço do petróleo no mercado internacional.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado:
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,99%;
Acumulado do mês: +4,66%;
Acumulado do ano: -9,65%.
📈Ibovespa
C
Acumulado da semana: -0,21%;
Acumulado do mês: -0,58%;
Acumulado do ano: +31,47%.
Orçamento de 2026 é aprovado no Congresso
O Congresso Nacional aprovou na sexta-feira (19), em votação simbólica, o Orçamento de 2026. O texto prevê uma reserva de R$ 61 bilhões para emendas parlamentares — recursos indicados por deputados e senadores — e projeta um superávit de R$ 34,5 bilhões nas contas do governo no próximo ano.
O Orçamento também incorpora cortes em gastos previdenciários e em programas sociais, como o Pé-de-Meia e o Auxílio Gás. Além disso, estabelece um piso mínimo de R$ 83 bilhões para investimentos públicos, como obras de infraestrutura e projetos do governo federal.
Segundo o arcabouço fiscal aprovado em 2023 — o conjunto de regras que limita o crescimento das despesas —, há uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual em relação à meta central.
Na prática, isso significa que a meta será considerada cumprida mesmo que o resultado seja neutro (saldo zero) ou chegue a um superávit de até R$ 68,6 bilhões.
A proposta foi analisada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) ainda pela manhã e, horas depois, recebeu aval de deputados e senadores em sessão conjunta do Congresso.
Do total reservado para emendas:
cerca de R$ 61 bilhões foram destinados a indicações parlamentares;
R$ 49,9 bilhões ficam sob controle direto do Congresso, incluindo emendas individuais, de bancada e de comissão.
As chamadas emendas impositivas — aquelas de pagamento obrigatório pelo governo — se dividem em:
emendas individuais, indicadas por cada deputado e senador: R$ 26,6 bilhões;
emendas de bancada, destinadas aos estados: R$ 11,2 bilhões.
Dino barra retomada de emendas antigas
Antes mesmo da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu neste domingo (21) um trecho aprovado pelo Congresso que autorizava o pagamento de emendas parlamentares não quitadas entre 2019 e 2023.
👉 A decisão impede que o dispositivo entre em vigor enquanto o caso é analisado pelo Supremo. O texto havia sido aprovado pelo Congresso na última quarta-feira (17) e ainda aguardava sanção ou veto presidencial.
Dino atendeu a um pedido apresentado por parlamentares do PSOL e da Rede. Na decisão, o ministro afirmou que o STF já havia barrado, em julgamentos anteriores sobre o chamado “orçamento secreto”, qualquer tentativa de reativar esses pagamentos, conhecidos tecnicamente como “restos a pagar”.
Segundo o ministro, a medida extrapola os limites definidos institucionalmente para corrigir as inconstitucionalidades reconhecidas pela Corte. Em sua avaliação, permitir a retomada dessas emendas desrespeita os parâmetros acordados entre os Três Poderes.
O dispositivo suspenso foi incluído em um projeto que tratava originalmente do corte de benefícios fiscais. No jargão do Congresso, esse tipo de inserção é chamado de “jabuti” — quando um tema sem relação direta é incluído em uma proposta legislativa.
Agenda econômica
Boletim Focus
Os analistas do mercado financeiro voltaram a reduzir as projeções de inflação para 2025 e 2026, segundo o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo BC.
👉 O relatório reúne estimativas de mais de 100 instituições financeiras e funciona como um termômetro das expectativas do mercado para a economia brasileira.
Para 2025, a previsão de inflação caiu de 4,36% para 4,33%, marcando a sexta redução consecutiva. Já para 2026, a estimativa recuou de 4,10% para 4,06%, no quinto corte seguido. Nos anos seguintes, as projeções permaneceram estáveis: 3,80% para 2027 e 3,50% para 2028.
Em relação ao crescimento da economia, o mercado elevou levemente a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025, de 2,25% para 2,26%. Para 2026, a expectativa de crescimento permaneceu em 1,80%.
Os economistas também mantiveram a projeção para a taxa básica de juros em 2025. A estimativa para o fim do ano continua em 15% ao ano, nível atual da Selic, que é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Para o encerramento de 2026, a previsão subiu de 12,13% para 12,25% ao ano.
No câmbio, a expectativa para o valor do dólar ao fim de 2025 foi revisada para cima, de R$ 5,40 para R$ 5,43. Para o término de 2026, a projeção permaneceu em R$ 5,50.
Pesquisa Firmus
Empresas consultadas pelo Banco Central passaram a demonstrar uma visão mais otimista em relação à inflação neste ano e no próximo, além de esperarem uma valorização do real frente ao dólar, informou a autoridade monetária nesta segunda-feira.
Os dados constam da nova edição da pesquisa Firmus, que reúne a percepção de empresas fora do setor financeiro sobre seus negócios e sobre o cenário econômico.
Segundo o levantamento, a mediana das expectativas de inflação para 2025 caiu de 5,0%, em setembro, para 4,5%. Para 2026, a projeção recuou de 4,5% para 4,2%.
No câmbio, as empresas também passaram a esperar um real mais forte. A mediana das estimativas indica que, em seis meses, o dólar deve estar em R$ 5,50, abaixo da previsão de R$ 5,60 registrada na rodada anterior da pesquisa.
👉 A pesquisa Firmus é realizada a cada três meses. Esta edição reflete as respostas de 240 empresas, coletadas entre 10 e 28 de novembro.
Em relação à atividade econômica, as empresas estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) — soma de todos os bens e serviços produzidos no país — cresça 2,10% neste ano.
O número é ligeiramente superior à projeção de 2,05% feita em setembro, mas ainda abaixo da estimativa de 2,26% indicada no boletim Focus desta semana e da previsão do próprio Banco Central, de alta de 2,3%.
Para 2026, a expectativa é de crescimento de 1,80% do PIB, abaixo dos 1,90% projetados anteriormente. Ainda assim, o resultado é mais otimista do que a estimativa do Banco Central, de 1,6%, e em linha com a projeção do Focus.
O BC destacou que a percepção das empresas sobre a situação econômica atual melhorou em relação às três pesquisas anteriores, embora ainda permaneça em um patamar negativo. Já a avaliação sobre o desempenho do próprio setor de atuação das empresas ficou praticamente estável.
Arrecadação Federal
A arrecadação do governo federal registrou crescimento real de 3,75% em novembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, totalizando R$ 226,753 bilhões, informou a Receita Federal nesta segunda-feira.
👉 O resultado representa o maior valor já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1995, e interrompe uma sequência de desaceleração no ritmo de crescimento.
Após alcançar um pico de alta real acumulada de 4,41% em julho, o avanço da arrecadação vinha perdendo força nos meses seguintes.
Esse movimento foi atribuído ao efeito dos juros elevados, que tendem a esfriar a atividade econômica e, consequentemente, a reduzir a arrecadação de impostos.
Com isso, o crescimento caiu para 3,73% em agosto, 3,49% em setembro e 3,20% em outubro.
Mesmo com essa oscilação mensal, o resultado acumulado de janeiro a novembro mostra uma retomada de fôlego.
No período, a arrecadação somou R$ 2,594 trilhões, um aumento real de 3,25% em relação aos primeiros onze meses de 2024 — também um recorde para esse intervalo.
Em novembro, os tributos administrados diretamente pela Receita Federal, que incluem os principais impostos federais, cresceram 1,06% em termos reais na comparação anual, alcançando R$ 214,398 bilhões.
Já a arrecadação administrada por outros órgãos, fortemente influenciada por receitas como royalties do petróleo, teve um salto expressivo de 93,10%, somando R$ 12,355 bilhões.
Bolsas globais
Os índices acionários em Wall Street subiram nesta segunda-feira, iniciando a semana encurtada por feriado com tom positivo já que as ações de tecnologia continuaram a se recuperar da liquidação da semana passada.
Além disso, os investidores aguardavam dados econômicos ainda esta semana, após sinais recentes de desaceleração da inflação nos EUA, que reforçam a possibilidade de cortes nos juros pelo Federal Reserve.
O Dow Jones Industrial Average avançou 0,47%, aos 48.362,68 pontos, o S&P 500 teve ganhos de 0,56%, aos 6.872,78 pontos, e o Nasdaq Composite registrou alta de 0,52%, aos 23.428,83 pontos.
Na Europa, os mercados encerram o dia em queda, devolvendo parte dos ganhos expressivos da semana passada.
O recuo ocorre em meio à liquidez reduzida por causa do período de festas e após um rali impulsionado pela expectativa de cortes nos juros americanos e pela postura mais otimista do Banco Central Europeu sobre a economia da zona do euro.
No fechamento, o índice pan-europeu STOXX 600 recuou 0,09%, a 586,99 pontos. Em Londres, o Financial Times avançou 0,32%, para 9.865,97 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,02%, a 24.283,97 pontos, enquanto em Paris o CAC 40 perdeu 0,37%, a 8.121,07 pontos.
Em Milão, o FTSE/MIB desvalorizou-se 0,37%, para 44.593,60 pontos; em Madri, o Ibex 35 teve baixa de 0,07%, a 17.158,00 pontos; e em Lisboa, o PSI20 recuou 0,25%, para 8.191,21 pontos.
Já os mercados asiáticos fecharam em alta, com destaque para China e Hong Kong, impulsionados por sinais de forte entrada de recursos e pela inauguração do Porto de Livre Comércio de Hainan
Empresas ligadas ao projeto, como China Tourism Group e Hainan Airlines, dispararam 10%, limite diário permitido. Além disso, fundos chineses recém-criados voltados para Hong Kong concluíram captação antes do prazo, indicando apetite por compra.
No fechamento, Xangai subiu 0,69%, a 3.917 pontos, e o CSI300 avançou 0,95%, a 4.611 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ganhou 0,43%, a 25.801 pontos.
Outros mercados também tiveram alta: Nikkei, no Japão, +1,8% (50.402 pontos); Kospi, na Coreia do Sul, +2,12% (4.105 pontos); Taiex, em Taiwan, +1,64% (28.149 pontos); e Straits Times, em Cingapura, +0,89% (4.610 pontos).
Notas de dólar.
Reuters
