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A repercussão nas redes sociais do início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado “foi marcada por forte polarização”, mas a direita conseguiu fazer valer seu predomínio no ambiente digital e emplacou a campanha “BolsonaroFree”, para pedir a liberdade dele. A análise é de relatório da Quaest, após acompanhamento das principais plataformas, até as 16h30 desta quarta-feira (2), primeiro dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a Quaest, 64% das menções foram contrárias ao julgamento, impulsionadas pela campanha coordenada de bolsonaristas com a hashtag #BolsonaroFree, “com a principal narrativa apontando perseguição política a Bolsonaro e questionamentos sobre a legalidade do processo”.
Já os internautas que comemoram o julgamento não apresentaram mobilização articulada, segundo o monitoramento, e responderam por 19% das publicações ligadas ao tema. A ausência de coordenação dos críticos de Bolsonaro, que indica que o engajamento no assunto ocorre de forma orgânica, resultou em um volume de menções considerado baixo pela Quaest.
Um terceiro conjunto, com postura classificada como neutra, foi responsável por 17% das postagens. “A disputa de narrativas nas redes permanece acirrada, mas a direita tem conseguido se destacar graças à mobilização coordenada, enquanto a esquerda segue um padrão mais orgânico”, diz a empresa.
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Os comentários sobre o julgamento tiveram um crescimento exponencial a partir das 13h e começaram a cair com maior intensidade às 16h. O alcance das postagens foi estimado em 76 milhões de contas, incluindo visualizações de fora do Brasil. Foram coletadas aproximadamente 746 mil menções sobre o julgamento no STF, uma média de 44 mil por hora.
A média de menções, por ora, ficou abaixo da registrada em outros momentos de alta temperatura política, como a operação da Polícia Federal contra Bolsonaro (que atingiu média de 72 mil menções por hora, no dia 18 de julho) e a prisão domiciliar do ex-presidente (51 mil, no último dia 4). Por outro lado, foi superior à média vista nos dias que se seguiram à aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes (31 mil, entre 28 de julho e 1º de agosto), por exemplo.
A Quaest afirma que, com a maioria das menções nas redes, a direita “tem conseguido mobilizar uma narrativa consistente de perseguição política e injustiça, sustentada na ideia de que o ex-presidente estaria sendo alvo de um sistema manipulado para retirá-lo do jogo eleitoral”.
Já a esquerda se contrapõe a esse discurso “ressaltando que não se trata de perseguição política, mas de responsabilização de atores que atentaram contra a democracia”. Termos como “Bolsonaro condenado”, “soberania é justiça”, “Bolsonaro na cadeia”, “Hugo Motta sem anistia” e “Bolsonaro preso” ficaram entre as principais “tags” a favor do julgamento.
Além disso, os perfis críticos a Bolsonaro buscaram “também explicar os motivos do julgamento, em uma tentativa de conscientização e disputa de narrativa com a base bolsonarista”.