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1 mês agoon
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A paralisação (“shutdown”) do governo dos Estados Unidos está prejudicando o setor de viagens do país, e seus efeitos estão se agravando à medida que o impasse no Congresso continua.
Viajantes começam a cancelar viagens e evitar aerportos até que os parlamentares encontrem uma forma de retomar as atividades do governo, o que pode demorar vários dias ou semanas. Isso significa mais tempo sem pagamento para trabalhadores essenciais, como controladores de tráfego aéreo e agentes de segurança. Com o passar dos dias, mais funcionários estão faltando ao trabalho, o que deixa menos pessoal disponível para atender à demanda.
Representantes do setor já estão preocupados com o feriado de Colombo/Dia dos Povos Indígenas, que ocorre neste fim de semana — o primeiro desde o início da paralisação, há nove dias, em 1º de outubro. O impasse coincide com o período de pico das viagens corporativas, num momento em que o setor ainda luta para atingir seu pleno potencial, disse Geoff Freeman, presidente da Associação de Viagens dos EUA.
“Se introduzirmos preocupação no sistema — preocupação com atrasos, cancelamentos, ou com a TSA (Agência de Segurança de Transportes) sendo menos eficiente — estamos levando as pessoas a ficar no escritório”, disse Freeman. “É mais um motivo para as pessoas ficarem em casa, sejam americanos ou turistas estrangeiros evitando os Estados Unidos.”
Os Estados Unidos são o único mercado de viagens que deve registrar queda nos gastos de turistas estrangeiros em 2025, com previsão de redução de 6,3% nas visitas internacionais, para 67,9 milhões, segundo dados da US Travel e da Oxford Economics. Já as viagens domésticas devem crescer 1,9% neste ano. O cenário pode estar melhorando, já que a Delta Air Lines informou na quinta-feira que as vendas aceleraram nas últimas semanas.
Mesmo assim, turistas estrangeiros que ainda planejam visitar os EUA estão preocupados com os impactos do fechamento do governo em suas férias.
“Há certa ansiedade: ‘O que isso significa? Significa que não poderemos voar? Que as pessoas não poderão entrar no país?’ — perguntas como essas estão surgindo”, disse Peter van Berkel, presidente da Travalco, uma operadora de turismo receptivo. Segundo ele, alguns viajantes do exterior estão agora hesitantes em fazer reservas.
Quase 12 mil voos foram atrasados entre segunda-feira e a manhã de quarta-feira, em parte devido à falta de controladores de tráfego aéreo na Administração Federal de Aviação (FAA), enquanto cerca de 200 voos foram cancelados.
Problemas de escassez de pessoal no controle aéreo surgiram mais cedo neste fechamento do que na última paralisação importante em 2019, levando a faltas inesperadas em cidades de todo o país. Se a situação continuar, os viajantes verão uma “deterioração dos serviços”, à medida que controladores de voo e agentes da TSA ficarem exaustos e comecem a faltar, disse Sheldon Jacobson, professor da Universidade de Illinois e um dos idealizadores do programa TSA Pre-Check.
“O maior fechamento da história durou 35 dias, no primeiro mandato do presidente Trump. Será que veremos 35 dias novamente? Neste momento, não há indícios de reconciliação ou de fim do impasse, mas essas situações mudam muito rapidamente e de forma imprevisível”, afirmou Jacobson.
A agente de viagens do Arizona Sonia Bhagwan contou que dois clientes já perguntaram se deveriam cancelar suas férias de Ação de Graças e Natal no Havaí.
Já Wayne Milano, de 44 anos, residente em Monmouth County, Nova Jersey, disse que cancelou uma viagem de negócios à Índia e não pretende voar até que o impasse seja resolvido. Citando má sorte com atrasos e cancelamentos, ele declarou à Reuters que voar está fora de cogitação por enquanto.
“Cheguei a um ponto em que penso: nem vou arriscar nas primeiras semanas. Melhor esperar para ver como as coisas se desenrolam.”
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