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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta quinta-feira o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de forma indireta, ao condenar o uso do comércio internacional como instrumento de “coerção” e “chantagem”. Lula falou sobre o assunto ao receber o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, que cumpre visita de Estado ao Brasil nesta semana.
Lula também saiu em defesa da soberania do Panamá sobre o canal de mesmo nome, corredor logístico que Trump chegou a dizer que iria “recuperar” para os americanos. Neste mesmo sentido, Lula anunciou que o governo brasileiro decidiu assinar um tratado relativo ao funcionamento desse Canal do Panamá, já subscrito por mais de 40 países.
“Vivemos um dos momentos mais críticos na região. A tentativa de restaurar antigas hegemonias coloca em choque a liberdade e autodeterminação dos povos. As ameaças de ingerência pressionam instituições democráticas e comprometem construção de um continente integrado e autônomo. O comércio internacional é utilizado como instrumento de coerção e chantagem”, disse Lula, numa clara crítica ao tarifaço de Trump.
Em seguida, Lula mencionou a questão do Canal do Panamá, via navegável que liga os Oceanos Atlântico e Pacífico e esteve na mira do presidente dos Estados Unidos.
“O Brasil apoia integralmente a soberania do Panamá sobre o Canal do Panamá, conquistada após décadas de luta. Há mais de 25 anos, o país administra o corredor marítimo com eficiência e respeito, garantindo o trânsito com neutralidade, seguro a navios de todas as origens. Por isso, decidimos nos somar ao protocolo ao Tratado Relativo à Neutralidade Permanente e ao Funcionamento do Canal do Panamá, já subscrito por mais de 40 países”, emendou o presidente brasileiro.
No mesmo discurso, Lula ainda criticou outra iniciativa de Trump sem citá-lo diretamente: o envio de 4 mil marinheiros e fuzileiros navais para águas internacionais próximas à Venezuela. Essa movimentação tem elevado a temperatura política na região do Caribe.
“O combate ao crime organizado não pode servir de pretexto para violações de território”, argumentou Lula.
O presidente brasileiro também pediu que o presidente do Panamá esteja presente na Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano (COP30), prevista para acontecer em Belém (PA) no mês de novembro.
A solicitação foi feita em meio ao temor do governo brasileiro de que o evento fique esvaziado por conta dos altos preços cobrados para hospedagem na capital paraense. Sobre isso, Mulino sinalizou positivamente. “Vou estar na cúpula de Belém, conte com isso. Estaremos em Belém porque este assunto é muito importante pra nós e a COP tem que ser fortalecida”, respondeu o panamenho.
Por fim, Lula comemorou o retorno de um presidente do Panamá ao Brasil, algo que não acontecia desde 2008. “O último presidente do Panamá que esteve no Brasil veio em 2008, isso é muito ruim porque dificulta crescimento da relação política, científica, tecnológica, e também dos nossos empresários. A vinda do Mulino é o recomeço de uma nova relação entre Brasil e Panamá, e tem que ser uma via de duas mãos, onde todos podem ganhar. Não pode ter uma relação com um déficit comercial muito grande para um ou outro país porque isso cria uma relação interna difícil”, concluiu.
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