Published
2 meses agoon
By
Depois de quase 30 anos à frente do principal telejornal da televisão brasileira, o Jornal Nacional, da Globo, o jornalista William Bonner, de 61 anos, vai deixar a função de âncora e editor-chefe do JN no fim de outubro, para se dedicar a outros projetos na emissora. A partir de 3 novembro, assume a bancada do JN o jornalista César Tralli, 54 anos, que apresenta o Jornal Hoje e também ancora programa na Globonews, canal de notícias da Globo. Tralli vai dividir a apresentação do JN com a jornalista Renata Vasconcellos, 53 anos, que está no programa desde novembro de 2014.
A decisão de Bonner de deixar o JN se dá por motivos estritamente pessoais. Ele quer dedicar mais tempo à família – uma filha mora no Brasil, e uma filha e um filho, no exterior. “Já perdi pai e mãe, e conseguir ver mais meus filhos é uma grande motivação [para a mudança]”, disse Bonner. Ele é o mais longevo âncora do JN superando Cid Moreira (1927-2024). Bonner estreou no JN em 1º de abril de 1996, há quase 30 anos.
Embora vá deixar o JN nos próximos dois meses, Bonner continuará na Globo e no jornalismo da emissora. Vai coapresentar, a partir da temporada de 2026, o Globo Repórter ao lado da também jornalista Sandra Annenberg, 57 anos, de quem é amigo desde os tempos de faculdade, na Universidade de São Paulo (USP). “Fiz todos os programas jornalísticos na Globo, só não fiz Globo Repórter”, disse Bonner. Na nova função, ele pretende não só ancorar o programa, mas também fazer viagens e reportagens.
A ideia de deixar o principal telejornal da tevê brasileira no maior grupo de comunicação do país veio sendo negociada com a Globo ao longo dos últimos quatro anos, desde a pandemia de covid-19, quando o jornalista manifestou, por volta de 2021, o desejo de mudança. O jornalista e a emissora acordaram uma transição ao longo do tempo pois havia vários movimentos a serem feitos de forma simultânea, que é o que hoje se anuncia.
Na edição desta noite do JN, Bonner vai ler uma nota “delicada, clara e transparente”, nas palavras do próprio jornalista, sobre as razões de deixar o JN. Bonner não só coapresenta o programa ao lado de Renata Vasconcellos como também acumula a função de editor-chefe, que a partir de novembro passa a ser exercida por Cristiana Souza Cruz, hoje editora-chefe adjunta do JN. É a segunda editora-chefe do JN depois de Alice Maria.
Em conversa com veículos da imprensa profissional brasileira, na sede da emissora, no bairro do Jardim Botânico, zona Sul do Rio, Bonner reconheceu o privilégio, mas também a enorme demanda que representa ocupar, ao mesmo tempo, as funções de apresentador e editor-chefe do JN.
A audiência média do JN em 2025 é de 22 pontos com 37% de participação de mercado em São Paulo e de 22 pontos com 38% de “share” no chamado “PNT” (audiência no Brasil como um todo). O JN fala com quase 30 milhões de brasileiros todos os dias. De janeiro até agora, já foram mais de 150 milhões de brasileiros alcançados. Em 2025 (até o momento), de 10 televisores ligados, 4 estão sintonizadas no JN durante a exibição do telejornal.
Por cerca de duas horas Bonner, Tralli, Renata, Sandra, Cristina e Ricardo Vilella, diretor-geral de Jornalismo da Globo, falaram sobre as mudanças a partir da troca na bancada do JN.
Tralli deixa a programação da Globonews a partir de hoje, mas segue se dedicando ao Jornal Hoje até assumir o JN, em 3 de novembro. Para o lugar de Tralli no JH, a Globo convidou o jornalista Roberto Kovalick, 60 anos, que hoje apresenta o Hora 1, entre 4h e 6h. O Hora 1 será assumido por Tiago Scheuer.
Com longa carreira na Globo e na reportagem, Tralli definiu seu perfil: “Sou repórter na apresentação.” Ele disse ter a consciência da função que vai assumir. Bonner, por sua vez, definiu o que o telejornal representa para os brasileiros: “O Jornal Nacional é um patrimônio nacional.”