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O Wall Street Journal (WSJ) afirmou que, ao concentrar suas políticas externas no hemisfério ocidental, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instaurou uma “relíquia da diplomacia americana do século XIX, a Doutrina Monroe”. A mistura da estratégia adotada pelo ex-presidente James Monroe, em 1823, com os impulsos de Trump foi apelidada de “Doutrina Donroe”, em uma reportagem publicada nesta quinta (23).
O jornal aponta que Trump está tratando a América Latina como “extensão do território americano, onde Washington agirá unilateralmente para erradicar inimigos percebidos. A lealdade é recompensada, e a rebeldia pode ter um preço.” A publicação exemplifica esse cenário com a retirada de vistos e a imposição sanções de Bogotá a Brasília.
“Embora possa parecer estranho para os eleitores que elegeram Trump com base em suas promessas de se manterem afastados de envolvimentos estrangeiros, aplaudirem essa nova frente, os fiéis do MAGA veem lógica em um envolvimento mais profundo no Hemisfério Ocidental. Em uma pesquisa recente da Economist/YouGov, 74% dos republicanos e 82% dos eleitores de Trump em 2024 aprovaram os ataques aos barcos no Caribe”, escreve o WSJ.
O WSJ aponta que analistas críticos a Trump e ex-funcionários do governo dos EUA afirmam que condicionar explicitamente a ajuda americana ao alinhamento ideológico corre o risco de minar a credibilidade americana como parceiro na região.
A atuação de Trump na América Latina foi descrita como um “imperialismo antiquado no sentido econômico” pelo Financial Times (FT).
O FT afirma que o envio de força militar americana para a costa da Venezuela reacende a chamada “diplomacia das canhoneiras” na região. “Canhoneira” é um tipo de embarcação armada com um ou mais canhões, que com o tempo passou a ser sinônimo para vários tipos de navios de guerra.
Trump afirma que a armada na Venezuela é necessária para combater o narcotráfico e o narcoterrorismo, que ameaçam a segurança nacional dos EUA.
“Mas especialistas veem outros motivos, incluindo o desejo de derrubar Maduro, como ajudar empresas americanas a fechar negócios na Venezuela, rica em petróleo, e enviar uma mensagem aos aliados russos e chineses de Maduro de que os EUA os querem fora de seu ‘quintal’”, escreve o FT.
Ainda assim, o FT minimiza as declarações do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de que os EUA estariam planejando invadir o seu país.
“Isso exigiria uma força-tarefa muito maior do que a atual. Mas uma incursão de um comando de forças especiais para capturar Maduro e seus principais assessores como parte de uma operação de ‘mudança de regime’ é uma possibilidade, diz o FT.
Na reportagem, analistas afirmam que houve pelo menos 41 intervenções americanas bem-sucedidas para mudar governos na América Latina entre 1898 e 1994.
O FT afirma que esse passado deixou uma “reputação manchada” para os Estados Unidos e apesar do apoio de Trump aos aliados de direita em El Salvador, Argentina, Equador e Paraguai, seu uso agressivo de força militar e tarifas em outros lugares irritou outras nações latino-americanas.
Para a publicação, movimentos recentes como as sanções contra o Brasil e os avanços militares sobre a costa venezuelana são exemplos do passado intervencionista dos Estados Unidos na região, que podem ampliar a influência chinesa sobre os países latinos.