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A Azul Linhas Aéreas anunciou uma parceria entre sua nova unidade de negócios, a Azul NeoCarbon, e a Caixa Econômica Federal para atuar na comercialização e consultoria de créditos de carbono. O objetivo é oferecer suporte técnico a empresas que buscam compensar emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente no escopo 3, relacionado a viagens corporativas e operações logísticas.
A Azul NeoCarbon foi criada neste ano para atender clientes corporativos interessados em quantificar e compensar suas emissões, conforme noticiou o Prática ESG. Segundo Filipe Alvarez, gerente de Sustentabilidade, Governança e Disciplina de Gestão da Azul, responsável pela nova unidade, o serviço faz o cálculo das emissões geradas por clientes da companhia e apresenta opções de compensação.
“Por exemplo, o cliente Itaú voa com a Azul durante 2025, e a gente faz a conta para ele, chega à conclusão de que as viagens equivalem a mil toneladas de carbono emitidas. O cliente pode querer compensar essas emissões para zerar o escopo 3 dele”, explica Alvarez.
A parceria com a Caixa permitirá incluir no portfólio da Azul NeoCarbon projetos de recuperação de metano em aterros sanitários, vinculados ao Programa de Atividades (PoA) do banco, voltado ao gerenciamento de resíduos sólidos e à geração de créditos de carbono. Esses projetos consistem, por exemplo, em capturar e queimar o metano liberado pela decomposição do lixo, evitando que o gás — com potencial de aquecimento global muito superior ao do CO₂ — seja emitido diretamente na atmosfera. A iniciativa contribui para reduzir emissões de gases de efeito estufa e, em alguns casos, gerar energia a partir do processo, integrando mitigação climática e aproveitamento energético.
Segundo Alvarez, a Azul atua na curadoria dos projetos oferecidos, priorizando iniciativas certificadas por padrões reconhecidos internacionalmente, como o Verified Carbon Standard (VCS), o Clean Development Mechanism (CDM) e o Gold Standard (GS).
O executivo acrescenta que o serviço não tem custo adicional para o cliente, e a compra dos créditos é feita diretamente com os parceiros. Além da Caixa, o portfólio da Azul NeoCarbon inclui parcerias com a Auren, empresa de energia do Grupo Votorantim e com ECCON Soluções Ambientais, consultoria especializada em projetos ambientais e de carbono que desenvolve projetos com diversos outros parceiros, como Itaú, Citrosuco e Reservas Votorantim. Também foi firmada parceria com o BTG via Systemica, empresa de brasileira que atua com o desenvolvimento de projetos de créditos de carbono e é investida do banco; entre outros parceiros.
“Isso garante uma dupla camada de confiabilidade, porque nem a Azul, nem a Caixa Econômica, nem o BTG, obviamente, e os outros parceiros, têm interesse nenhum de oferecer para o cliente um projeto de carbono ruim ou com risco de ser tem algum tipo de escândalo de projeto falso”, afirma.
A aliança reforça uma tendência: a aproximação entre o setor financeiro e o corporativo em torno de soluções de baixo carbono, em um momento em que empresas buscam não apenas neutralizar suas emissões.
Com a parceria, Azul e Caixa pretendem ampliar o acesso de empresas de diferentes perfis a créditos de carbono certificados, em um setor que ainda carece de padronização e transparência, mas tende a ganhar relevância nos próximos anos com a implementação do mercado nacional.
A criação da unidade ocorre em um momento de maior atenção de empresas brasileiras ao tema da descarbonização corporativa e à busca por mecanismos para compensar emissões indiretas. Enquanto o mercado regulado de carbono ainda dependa de detalhamento e da criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), o mercado voluntário tem atraído companhias interessadas em antecipar metas climáticas e em responder às exigências de clientes e investidores.
“Queremos apoiar e orientar organizações de todos os setores no processo de transição energética e descarbonização, a partir de know-how e equipe especializada que tornaram a Azul referência no setor”, diz Alvarez.