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O presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, cancelou uma viagem oficial a Pequim, na China, onde participaria do desfile do Dia da Vitória em 3 de setembro, após uma onda de protestos em várias cidades do país. A decisão foi anunciada neste sábado (30) pelo porta-voz presidencial, Prasetyo Hadi.
As manifestações começaram em Jacarta na segunda-feira, após a divulgação de que os 580 parlamentares recebem uma ajuda de custo mensal para moradia de 50 milhões de rúpias, além do salário — valor que equivale a quase dez vezes o salário mínimo na capital.
Os protestos se intensificaram depois da morte de Affan Kurniawan, entregador de aplicativo de 21 anos, atropelado por um veículo blindado da polícia durante uma manifestação em Jacarta na quinta-feira. O episódio, registrado em vídeo, ganhou repercussão nas redes sociais. Testemunhas ainda relataram que o veículo não parou após atingi-lo.
Até agora, quatro pessoas morreram. Além de Kurniawan, três pessoas foram vítimas de um incêndio provocado por manifestantes no parlamento regional de Makassar, capital de Célebes Meridional, na noite de sexta-feira. Outras cinco pessoas ficaram feridas ao tentar escapar das chamas.
Os confrontos se espalharam para diversas cidades, como Surabaya, Bandung, Solo, Yogyakarta e até Bali, onde, neste sábado, centenas de estudantes e motoristas de aplicativos exigiram reforma policial e a libertação de manifestantes presos. A Comissão Nacional de Direitos Humanos (Komnas HAM) contabilizou cerca de 950 detenções apenas em Jacarta até quinta-feira.
Autoridades relataram ainda que pelo menos 25 policiais foram hospitalizados com ferimentos graves, mas a Komnas HAM acredita que o número de civis seja muito maior.
Neste sábado, a Anistia Internacional criticou a repressão, acusando o governo de violar o direito à liberdade de expressão. “Ninguém deveria perder a vida por exercer seu direito de protestar”, disse Usman Hamid, diretor executivo da Anistia Internacional Indonésia. “As autoridades devem libertar imediatamente qualquer pessoa detida apenas por exercer seus direitos.”