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Autoridades retiraram mais de um milhão de pessoas de suas casas na província de Punjab, no Paquistão, esta semana, informaram autoridades nesta quinta-feira (28). O país está sendo atingido pelas piores enchentes em quatro décadas que causaram estragos em centenas de vilarejos e submergiram plantações de grãos vitais.
Chuvas torrenciais de monções e o vazamento de excesso de água de suas represas pela vizinha Índia aumentaram o volume de três rios que deságuam na província oriental, forçando as autoridades a romper as margens em alguns pontos, causando inundações em mais de 1.400 vilarejos, informou a autoridade de gestão de desastres do Punjab.
Moradores de vilarejos como Qadirabad caminhavam com água até o peito após o rio Chenab transbordar, causando inundações repentinas. “Passamos a noite inteira acordados e assustados”, disse Nadeem Iqbal, 26, um trabalhador local, enquanto caminhava pela água com um de seus filhos. “Todos estavam assustados. Crianças choravam. Mulheres estavam preocupadas. Estávamos impotentes”, disse.
Autoridades afirmam que as enchentes foram agravadas em Punjab – lar de metade da população do Paquistão e um grande produtor de trigo, arroz e algodão – devido ao vazamento de água nos três rios, Ravi, Sutlej e Chenab, de represas indianas que estavam cheias.
A Índia, que rotineiramente libera água de represas quando elas ficam muito cheias, emitiu três alertas de enchente para seu arquirrival Paquistão esta semana, chamando-os de medida humanitária.
Ambos os países estão enfrentando uma forte temporada de monções que desencadeou inundações repentinas. Pelo menos 60 pessoas morreram neste mês na Caxemira indiana, região duramente atingida, enquanto o número de mortos no Paquistão desde o final de junho é de 819.
Pelo menos 12 pessoas morreram esta semana na província de Punjab, disse Marriyum Aurangzeb, ministro do governo local.
Na manhã desta quinta-feira, as águas do Chenab ameaçaram romper uma barragem de concreto de 1.000 metros em Qadirabad, que regula o fluxo de água, desviando parte da água para uma rede de irrigação. O colapso da barragem teria inundado duas cidades próximas.
Para evitar o perigo, as autoridades explodiram deliberadamente parte da margem do rio em dois pontos para liberar água em terras próximas antes que ela atingisse a barragem, informou a autoridade de gestão de desastres.
Na tarde desta quinta-feira, o nível havia caído para 754.966 metros cúbicos, tendo atingido quase 1 milhão de metros cúbicos durante a noite – bem acima de sua capacidade de 800 mil metros cúbicos.
“Nós escapamos da ameaça”, disse um porta-voz da autoridade.
Autoridades disseram que a mudança nos padrões climáticos foi a culpada pelas enchentes no Paquistão, que tem sido repetidamente atingido por inundações nos últimos anos.
Em 2022, enchentes repentinas destruíram estradas, plantações, infraestrutura e pontes, matando pelo menos 1 mil pessoas.
O chefe da Agência Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão, Inam Haider Malik, disse que, pela primeira vez, sistemas meteorológicos vindos do leste, sul e oeste convergiram sobre o Paquistão nesta temporada de monções.
O ministro do Planejamento, Ahsan Iqbal, disse que a mudança climática “é o novo normal”. “Mas não é incontrolável”, acrescentou.
Do outro lado da fronteira entre a Índia e o Paquistão, os níveis dos rios do Himalaia começaram a baixar após dias de chuvas torrenciais, e os meteorologistas disseram que esperam que a chuva comece a diminuir a partir desta quinta-feira.