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A securitizadora Virgo utilizou recursos dos fundos de reserva do próprio certificado de recebíveis imobiliários (CRI) da Cedro para investimentos no fundo Allocation, que é dono desses mesmos papéis.
A retirada de R$ 55 milhões do fundo de reserva ocorreu no dia 1° de agosto, em meio aos pedidos de investidores para a devolução de recursos que foram usados de forma indevida.
A informação consta em uma planilha que ocupa quatro páginas do comunicado enviado pela Virgo ao mercado na noite de segunda-feira (25), em resposta a questionamentos feitos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o caso.
Na planilha, a securitizadora apresenta a data dos investimentos de recursos dos fundos de reserva no Allocation, o valor que eventualmente foi devolvido e se esse recurso foi alocado para recomposição de valores resgatados.
No documento, a Virgo também responde outras questões feitas pela CVM. Diz que, quando os aportes foram feitos, seus colaboradores avaliaram que os investimentos não impactariam a liquidez dos fundos de reserva, considerando o perfil do Allocation.
Questionada sobre as medidas que foram ou serão tomadas para aferir se o uso do dinheiro respeitou ou não o termo de securitização, a Virgo diz que foi feita uma análise e que erros operacionais identificados foram solucionados, mediante o resgate do valor investido, corrigido pela taxa DI do período, sem prejuízo dos investidores.
A securitizadora afirmou ainda que está “tomando todas as medidas cabíveis para a averiguação e a elucidação dos fatos” e que adotará eventuais providências que se façam necessárias, sempre no melhor interesse dos investidores.
A Virgo foi alvo de duas denúncias apresentadas à CVM neste mês sobre o suposto uso indevido de fundos de reserva de CRIs e CRAs em um fundo de investimento que comprou uma operação específica, o CRI da Cedro, estruturada pela própria securitizadora.
Conforme uma das denúncias, apresentadas por um ex-diretor da Virgo, isso teria ocorrido porque a securitizadora havia dado a “garantia firme” da operação, que precisou ser executada depois que os papéis não foram vendidos ao mercado.
Esse CRI é lastreado em créditos imobiliários devidos pela Castelo Byblos Participações (CRI ESTR BTS BH), da Cedro.
Na semana passada, o Allocation foi fechado para retiradas e para novos aportes por decisão da BRL Trust, que é administradora e gestora do fundo. Também na última semana, a CVM abriu processo para investigar o tema.
O uso dos recursos dos fundos de reserva é indevido porque eles são parte do patrimônio separado das operações, que servem como um colchão de segurança e só podem ser aplicados em investimentos específicos, de alta liquidez, de forma que possam ser acessados imediatamente, caso necessário.
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